Operação Marquês: defesa de Sócrates avança com novo pedido de recusa no Supremo

O processo Operação Marquês pode atrasar de novo, já que a defesa de José Sócrates garante continuar a apresentar pedidos de recusa de juízes no Supremo, alegando não ter existido sorteio electrónico dos magistrados.

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Em 2017, José Sócrates foi acusado de 31 crimes no processo Operação Marquês pelo Ministério Público Daniel Rocha / PUBLICO

A defesa do ex-primeiro-ministro José Sócrates garantiu esta segunda-feira, no âmbito do processo Operação Marquês, que continuará a apresentar pedidos de recusa de juízes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) enquanto não houver sorteio electrónico de todo o colectivo.

Esta declaração do advogado Pedro Delille à agência Lusa foi feita no dia em que, conforme consta da plataforma Citius, o STJ distribuiu à juíza conselheira Conceição Gomes o pedido de recusa relativamente ao anterior colectivo de juízes, que tinha como relatora Leonor Furtado, mas integrava magistrados que não tinham sido sorteados.

Pedro Delille defendeu que “todos os processos distribuídos depois de 12 de Outubro de 2021 são nulos e insanáveis”, caso não sejam sorteados todos os elementos do colectivo, quer seja no STJ, quer seja nos Tribunais da Relação. O advogado adiantou que vai apresentar novo pedido de recusa da juíza Conceição Gomes, por entender que, mais uma vez, o STJ não faz o sorteio em conformidade com a lei que obriga que todos os juízes de um colectivo sejam sorteados e não nomeados.

Quanto à justificação utilizada pelos tribunais superiores de que esta lei ainda não foi regulamentada, Pedro Delille criticou, sublinhando que “só para os juízes” é que a lei ainda não está regulamentada.

“O motivo não é haver regulamento, porque já está regulamentado”, afirmou o advogado do antigo governante, referindo que já está regulamentado que o sorteio será feito pelo sistema electrónico Citius, pelo que a lei “não carece de regulamentação alguma” e é, por isso, “auto-exequível”.

Pedro Delille lamentou ainda que se façam julgamentos “há meses e meses sem o cumprimento” das regras legais, o que, no seu entender, traduz o “imobilismo” dos tribunais.

No âmbito do processo separado da Operação Marquês, cuja decisão instrutória teve lugar em 9 de Abril de 2021, a defesa de José Sócrates tem vindo a apresentar sucessivos pedidos de recusa de juízes dos tribunais superiores que não tenham sido sorteados, mas unicamente designados para integrar o respectivo colectivo.

José Sócrates foi acusado no processo Operação Marquês pelo Ministério Público, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 9 de Abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar José Sócrates de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.

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