Cientistas criticam Austrália por abolir taxa de carbono
O parlamento australiano revogou na semana passada o imposto sobre a emissão de dióxido de carbono introduzido em 2012 pelo governo trabalhista, o que está a gerar polémica.
"Esta mudança recente preocupa todos", disse, em comunicado, o co-presidente do comité da Associação de Biologia Tropical e Conservação, José Fragoso, que questionou como enfrentará a Austrália os assuntos "sérios" do meio-ambiente. O também biólogo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, disse que o Executivo do conservador Tony Abbott deu um duplo golpe nos esforços para diminuir as alterações climáticas com a eliminação deste imposto e a redução do financiamento das investigações ambientais.
José Fragoso acrescentou que uma nação desenvolvida como a Austrália, que é o principal poluidor per capita do mundo, "está a dar uma mensagem errada ao resto da comunidade internacional", segundo o comunicado citado pela agência local AAP. A associação, que é a maior organização dedicada ao estudo de ecossistemas tropicais, pediu também a promoção do uso de energias renováveis e o reforço das leis para proibir a importação de madeira extraída ilegalmente.
O parlamento australiano revogou na semana passada o imposto sobre a emissão de dióxido de carbono introduzido em 2012 pelo governo trabalhista de Julia Gillard, que inicialmente obrigava as grandes empresas poluidoras a pagar cerca de 23 dólares australianos (16,1 euros) por tonelada de CO2 emitida. O plano incluía um aumento de cerca de 2,5% em termos reais até 2015, altura em que estava previsto entrar em vigor um sistema de troca de emissões no qual o mercado regularia os preços.
A eliminação do imposto sobre o carbono foi uma das principais promessas eleitorais de Tony Abbott, que entrou em funções em Setembro, e que quer reduzir o impacto nas tarifas eléctricas nos orçamentos das famílias e pequenas empresas.