Cerca de uma centena de alunos do básico e secundário saíram esta quarta-feira às ruas de Lisboa para reivindicar o direito à educação.

A manifestação sob o mote “Estamos fartos disto – Queremos educação!” levou cerca de cem alunos, de vários agrupamentos de escolas do distrito de Lisboa, ao Largo de Camões, local de onde partiram em marcha lenta até à Assembleia da República (AR). Os protestos fizeram-se ouvir noutros pontos do país. Nomeadamente no Porto e nas Caldas da Rainha.

Em causa estão os “mega-agrupamentos, a falta de funcionários e professores, a limitação do passe escolar e a introdução de exames no 12.º ano às disciplinas de Filosofia e Português, no que diz respeito às vertentes artísticas”, explicou ao PÚBLICO Elsa Severino, aluna na Escola Secundária Artística António Arroio, Lisboa, e uma das organizadoras da manifestação.

“Privatização atentado à educação”, “Governo, escuta, os estudantes estão em luta” ou “Ai não exames não exames não”, foram algumas das palavras de ordem proferidas durante a marcha lenta.

A concentração junto ao Parlamento deu-se por volta das três da tarde, uma hora depois do início da manifestação. No local, foi lida na integra a Moção 24 de Outubro na qual os estudantes reivindicavam “uma escola pública, gratuita, de qualidade e democrática para todos”.

A moção acabou por não ser entregue, mas a organização garantiu que fá-la-á chegar esta quinta-feira à AR.

Rita Rato, deputada pelo PCP, mostrou-se solidária com os estudantes e marcou presença na vigília. A deputada advogou que “a questão do passe escolar, do reforço do número de funcionários e das condições materiais, é uma obrigação do Estado” e explicou que estes pressupostos “estão de acordo com a lei de base do sistema educativo”.

A organização adiantou ao PÚBLICO que para o próximo mês estão previstas mais manifestações.

A manifestação “Estamos fartos disto – Queremos educação!” estendeu-se a outros pontos do país. No Porto, pela manhã, dezenas de estudantes marcharam até à Direcção-Regional de Educação, pelo direito à educação. Beatriz Pinto, aluna da escola António Sérgio, Gaia, disse à Lusa que esta é a altura ideal para os estudantes demonstrarem “que estão contra as alterações ao estatuto do aluno e contra a nova lei dos exames nacionais”, visto o ano lectivo ter começado há cerca de um mês.

Nas Caldas da Rainha, à semelhança de Lisboa, centenas de alunos concentraram-se junto à entrada principal da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, em protesto. Saíram à rua para mostrar a sua indignação com “o corte nos passes de transportes” e o seu descontentamento para com “a redução das verbas no sector da educação”, declarou à Lusa Rui Gouveia, um dos organizadores da manifestação e aluno dessa mesma escola.