Eficácia das EcoBolas contestada pela DECO

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A DECO explicou que a publicidade feita, pelos fabricantes destes substitutos de detergentes, é enganosa

A DECO, Associação para a Defesa dos Consumidores, acusa fabricantes de substitutos de detergentes, denominados EcoBolas, de publicidade enganosa. A associação contesta a eficácia destes produtos e já pediu a sua retirada do mercado.

Após análise e testes sucessivos divulgados na revista DECO PROTESTE, a Associação para a Defesa do Consumidor concluiu que “as Ecobolas para lavagem e secagem são inúteis para o fim a que se destinam”.

As Ecobolas, esferas de plástico com cerâmicas naturais que permitem lavar roupa e loiça com pequenas quantidades de detergente ou sem recurso a agentes químicos, “seduzem e levam o consumidor a decidir com base em pressupostos errados”, defende a Associação para a Defesa do Consumidor.

A DECO explicou que a publicidade feita pelos fabricantes destes substitutos de detergentes é enganosa, uma vez que a qualidade e eficácia da limpeza é afectada.

Teófilo Santos, proprietário da UTIL - empresa que comercializa em Portugal este produto - sustenta a acusação da DECO e, em declarações ao PÚBLICO, explicou que metade da publicidade lançada pelos fabricantes é dissonante. “Sim falámos num valor de 50%”, garante.

O empresário adverte ainda para a falta de informação e para o “mau uso que as pessoas dão à Ecobola” e explica que o seu uso nas lavagens, associado a uma certa quantidade de detergente, “até dá algum resultado”.

Ao Vice-Presidente da QUERCUS, Francisco Ferreira, chegam inúmeros testemunhos que dão conta da eficácia do produto e que aconselham a “utilizar uma dose de detergente, menor do que aquela que é indicada”, pois o resultado final é substancialmente diferente do resultado sem recurso a qualquer agente químico.

Ferreira adverte que “não há nenhuma garantia de que os objectivos do produto sejam concretizáveis” e deixa ao critério do consumidor essa apreciação. “O que aconselhamos é que a pessoa experimente”, ressalva.

A DECO exige, após os testes e análises realizados, a “retirada destes produtos das lojas” e apresentou queixa no Instituto Civil da Autodisciplina da Comunicação Comercial para exigir a “análise e verificação” da publicidade.

Lavar roupa com pouco ou nenhum detergente

São as propriedades da cerâmica utilizada na EcoBola que permitem lavar roupa e loiça apenas com água. As cerâmicas naturais permitem, em conjunto com os ímanes contidos na Ecobola, que durante a lavagem o hidrogénio e o oxigénio da água se separem, permitindo uma maior penetração da água no tecido e consequente remoção de sujidade.

O pressuposto deste produto, comercializado numa linha ambientalista, é que o consumidor prescinda do habitual detergente e higienize loiça e roupa apenas com água ou recorrendo a uma quantidade mínima de detergente. 20% do que habitualmente utilizava na habitual lavagem, segundo as indicações do produto.

O proprietário da ÚTIL aconselha os clientes a optarem por lavagens com recurso a detergente e adverte que “de facto as instruções aconselham que usemos 20% da quantidade de detergente habitual, mas eu aconselho metade da dose”, face à dosagem usada normalmente.

A DECO mostra-se contra a comercialização deste produto e advoga que “a lavagem de roupa ou loiça só com água tem melhores resultados”, do que os resultados obtidos com a lavagem com recurso à EcoBola.

O PÚBLICO contactou fabricantes da EcoBola para tentar esclarecer as acusações e dar conta da eficácia do produto, mas não obteve qualquer declaração.

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