Guebuza à frente, Simango surpreende
O presidente da câmara municipal da Beira e líder do MDM confirma-se como a grande figura ascendente, em particular nos meios urbanos, e parece acentuar-se a descida da Renamo
Os resultados preliminares das eleições presidenciais, legislativas e provinciais de quarta-feira em Moçambique apontam para uma vitória folgada da Frelimo, desde 1975 no poder, e para um segundo mandato do Presidente, Armando Guebuza, eleito em Dezembro de 2004 para substituir Joaquim Chissano.
Os primeiros resultados oficiais, divulgados ao princípio da noite de ontem, mostravam que, com 17 por cento dos votos escrutinados, a Frelimo conseguiria 76 por cento dos votos, enquanto Armando Guebuza surgia com 77 por cento, muito à frente dos candidatos da oposição.
A ascensão de Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), no mapa político do país é outro indicador que surge em evidência nestes resultados.
Fontes do MDM contactadas por telefone pelo PÚBLICO disseram que o seu líder, Daviz Simango, poderá ser o segundo dos três candidatos presidenciais, relegando para a terceira posição o chefe da Renamo, Afonso Dhlakama, que há cinco anos registou 31,7 por cento.
Os primeiros resultados oficiais confirmavam Daviz Simango em segundo lugar na corrida à presidência da República, enquanto Afonso Dhlakama, o líder da Renamo, era o terceiro candidato mais votado, com oito por cento dos sufrágios.
Dhlakama já foi candidato quatro vezes e chegou a dizer que não voltaria a candidatar-se no caso de ser derrotado. O líder da Renamo, que declarou ontem ao diário Notícias, de Maputo, que poderia voltar a candidatar-se "mais 45 vezes", poderá sofrer o maior desaire da sua carreira política, refere a agência de notícias AFP.
A Frelimo conseguiu derrotar a Renamo em dois dos bastiões tradicionais deste movimento: os distritos de Maringué e Cheringoma, na província de Sofala, deixando antever uma possível quebra do partido.
O voto das elitesAs fontes do MDM contactadas pelo PÚBLICO referiam que o recém-criado partido, apesar de só ter sido autorizado a concorrer em quatro círculos, poderia eleger dez dos 250 deputados.Responsáveis do MDM disseram ontem à AFP que o partido foi o segundo mais votado em três daqueles círculos em que já tinham sido apurados os resultados.O MDM conseguiu o maior número de votos em algumas mesas da capital, designadamente nas assembleias onde votaram Guebuza, Dhlakama e a primeira-ministra, Luísa Diogo.
Para Refinaldo Chilengue, director editorial do jornal electrónico Correio da Manhã, o MDM está a "ganhar terreno nos meios urbanos de elite". Admite-se que o grupo, que defende um alargamento da participação dos cidadãos na vida pública e a responsabilização dos eleitos, consiga eleger deputados pela cidade de Maputo e pelas províncias de Inhambane e de Sofala.
Por outro lado, a afluência dos eleitores às urnas terá sido superioràseleições legislativas e presidenciais de Dezembro de 2004, quando a participação rondou os 36 por cento.
O director-geral do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, Felisberto Naife, disse ao jornal Notícias que a organização e participação "ultrapassaram, em certa medida, as expectativas" da sua organização, devido à participação popular e ao civismo dos eleitores.
Contudo, o STAE reconheceu a ocorrência de alguns incidentes, como o caso de observadores presos e corridos de povoações como Dombe e Changara. com agências