Serviços prisionais excluem envolvimento de terceiros na morte de João Rendeiro

Serviços prisionais da África do Sul garantem que estava sozinho numa cela. Cônsul-honorário português identificou corpo na morgue de Pinetown.

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João Rendeiro foi encontrado morto na sexta-feira MÁRIO CRUZ

Os serviços prisionais sul-africanos confirmaram este sábado que não houve envolvimento de outras pessoas na morte do antigo presidente do BPP, João Rendeiro, encontrado sem vida na prisão de Westville, em Durban.

“Ele estava numa cela única quando se enforcou. Foi depois de trancado, portanto ninguém podia estar envolvido ou ter acesso a ele”, explicou à Lusa o porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul, Singabakho Nxumalo. As primeiras informações davam conta, na sexta-feira, de que fora encontrado enforcado e que dividia a cela com cerca de 50 reclusos.

Segundo o responsável do Departamento de Serviços Penitenciários, “a investigação está em curso e o relatório da autópsia será dado a conhecer à família”, adiantando não ter ainda informação de quando é que a autópsia será realizada.

A exclusão de terceiros na morte do ex-banqueiro foi também avançada esta manhã pela CNN Portugal, com base em informações da polícia sul-africana.

Cônsul-honorário português identifica corpo na morgue de Pinetown

O cônsul-honorário de Portugal em Durban, Elias de Sousa, deixou este sábado pouco antes do meio-dia (11h00 em Portugal) a morgue de Pinetown, confirmando que ali se encontra o corpo do ex-banqueiro João Rendeiro.

Com um lacónico “confirmo” durante breves declarações aos jornalistas, Elias de Sousa e a esposa deixaram o local com um semblante agastado e sem prestar mais declarações.

O corpo de João Rendeiro chegou à morgue a meio do dia, na sexta-feira, e a autópsia só poderá acontecer a partir de segunda-feira, altura em que são retomados os trabalhos após o fim-de-semana, referiu fonte dos serviços forenses sul-africanos.

O corpo foi identificado ainda na sexta-feira pelo cônsul-honorário e hoje procedeu-se ao preenchimento de documentos associados ao caso. Segundo a mesma fonte, os resultados da autópsia deverão passar depois pela equipa de investigação do caso.

As instalações dos serviços forenses ficam junto a uma zona industrial e comercial que está deserta por ser sábado. Pinetown é um subúrbio de Durban, cuja morgue é a mais próxima da prisão de Westville, onde João Rendeiro estava detido, a cerca de 10 quilómetros. Além de quem lida com o caso, a morte de João Rendeiro passa ao lado da actualidade sul-africana.

Ao contrário do que acontece em Portugal, o assunto está fora do radar mediático: há alguns artigos em portais na Internet sobre um “banqueiro português fugitivo que morreu na prisão”, mas não faz parte das capas nos quiosques de Durban da manhã de sábado.

João Rendeiro estava detido na África do Sul desde 11 de Dezembro do ano passado, após três meses de fuga para não cumprir pena em Portugal. O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admite mais recursos, com João Rendeiro a ter de cumprir uma pena de prisão efectiva de cinco anos e oito meses.

João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado. O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

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