Mosteiro de Rendufe, em Amares, "pode ruir a qualquer momento"
Chapas que cobriam o telhado caíram por causa dos fortes ventos. Câmara responsabiliza Ippar e empresa proprietária
As chapas que cobriam o telhado da ala norte do Mosteiro de Santo André de Rendufe, em Amares, caíram durante o fim-de-semana, por causa dos fortes ventos e chuvadas. Segundo a câmara, pouco faltou para que as crianças que frequentam a catequese na igreja local fossem atingidas, embora haja a registar danos materiais em dois automóveis que circulavam na estrada que liga Amares a Vila Verde. Um cenário que levou a autarquia a lançar ontem um alerta: "Este mosteiro beneditino [considerado imóvel de interesse público desde 1946] pode ruir a qualquer momento". A câmara responsabiliza a empresa proprietária dessa parte do mosteiro e o Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar), mas o Ippar recorda que o Estado ainda não comprou essa ala do complexo. A queda da "quase totalidade das chapas que cobriam provisoriamente" o tecto da ala norte - em rigor, o comunicado da câmara alude a ala sul, dado que esta parte do mosteiro fica, de facto, a sul da igreja, mas o Ippar considera-a ala norte, tomando como referência apenas o edifício dos beneditinos - coloca esta zona do complexo num "risco iminente", pois agora "não há qualquer tipo de protecção" da estrutura do imóvel - "votado ao abandono há vários anos", como acentua a autarquia liderada por José Barbosa (PS) -, o que "contribui para acelerar o seu estado de degradação". Daí que a câmara exija uma "resolução urgente" para este caso, pelo que assegura já ter informado o proprietário privado e o Ippar dessa premência.
Ala norte "ainda não foi adquirida pelo Estado"Só que, segundo a autarquia, o instituto do património - tutelado pelo Ministério da Cultura - tem vindo a "alegar falta de verbas" para avançar com as obras necessárias e com o "projecto aprovado", pelo que o presidente da câmara confessa estar "perplexo com a inoperância do Ippar". Diz o município que o restauro do Mosteiro de Rendufe "tem vindo a conhecer sucessivos atrasos", mas que agora já foi "obtido um acordo com o proprietário de uma parte considerável" do edifício, pelo que as obras não arrancam de imediato apenas por falta de verbas.
Confrontados pelo PÚBLICO com estas acusações, os responsáveis do Ippar no Norte reservaram uma resposta definitiva para mais tarde, mas sempre foram sublinhando que a ala norte do mosteiro "ainda não foi adquirida pelo Estado". Desta forma, ainda que implicitamente - pois nada mais adiantam por agora -, os responsáveis do Ippar dão a entender que a responsabilidade pela actual situação é da empresa proprietária e, no limite, será da própria autarquia, a quem compete zelar pela segurança dos edifícios - como decorre da legislação, obrigando os proprietários a fazer obras ou, em caso de recusa, a fazê-las ela própria e a apresentar posteriormente a factura aos donos dos imóveis.