Eriksson envolvido em novo escândalo

O jornal britânico The Times até apelidou o escândalo de Tempestade no deserto. O treinador da selecção inglesa, figura pública e milionariamente paga, é convidado a ir ao Dubai para se encontrar com um sheik, a poucos meses do Mundial. Passeios de iate, garrafas de 900 libras (1320 euros) e um hotel de sete estrelas depois, Sven-Goran Eriksson fez a primeira página do tablóide News of the World, no domingo. A acompanhar a fotografia do sueco com a mão no ombro de um homem de veste branca e lenço na cabeça, a revelação de que o treinador deixaria de bom grado, ou melhor, por bom dinheiro, o cargo para o qual tem um contrato até 2008, chamadas de atenção para comentários indiscretos sobre os jogadores do top, como Beckham, Rooney ou Owen, e a palavra "apanhado".
E essa parece ter sido a maior surpresa: que Eriksson, a trabalhar num país famoso pela imprensa sensacionalista, se tivesse deixado apanhar pelo "falso sheik", como é mais conhecido Mazher Mahmood, repórter do News of the World.
O semanário inglês, claro, não lhe chama armadilha, mas investigação. O artigo é o resultado de um trabalho de meses, com contactos prévios com Athole Still, agente de Eriksson, um sítio da Internet fabricado no nome de uma companhia de desporto inexistente, e reuniões recalendarizadas para convencer de que se tratava de um sheik com uma agenda ocupada. Até que quinta-feira passada, Eriksson era recebido como um príncipe - Rolls-Royce branco e tratamento VIP no aeroporto - no Dubai.
Fosse o charme do sheik, a barriga cheia de lagosta e caranguejo, ou os copos sucessivamente servidos do melhor champagne e vinho, a conversa evoluiu para a possibilidade do suposto magnata adquirir o clube da primeira liga inglesa Aston Villa e a consequente contratação de Eriksson pela soma principesca de cinco milhões de libras (7,3 milhões de euros), líquidas, anuais.
Conversa puxa conversa, e Eriksson acabou por discutir com o seu interlocutor os jogadores que treina. Segundo o News of the World, Eriksson comentou que Beckham está descontente com o facto de o Real Madrid não conseguir ganhar títulos e que Owen só está no Newcastle pelas condições financeiras que lhe oferecem, traindo a confiança dos jogadores. Que Wayne Rooney "vem de uma família pobre" ou que Ferdinand é "preguiçoso" foram outras das declarações que embaraçaram o treinador de origem sueca.
Eriksson apressou-se a apresentar desculpas a todos os jogadores envolvidos no caso, e declarou-se contente com as suas reacções. "Estou confiante que a minha relação com eles não ficou prejudicada de forma alguma", afirmou.
A Associação de Futebol inglesa também já manifestou o apoio a Eriksson. O treinador tinha, aliás, informado a organização do seu encontro de negócios no Dubai.
A tempestade parece ter sido de pouca dura, com a maior parte dos comentadores a realçar que as indiscrições de Eriksson são do conhecimento geral. Susana Moreira Marques, Londres

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