Jornais Escolares
PÚBLICO dá prémios a jornais escolares. “O jornalismo não pode ficar só na mão dos adultos”
Prémios do PÚBLICO no valor de oito mil euros foram entregues esta quarta-feira e contaram com a presença do ministro da Educação e do secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media. Distinguem os melhores jornais e publicações escolares de todo o país.
O PÚBLICO recebeu esta quarta-feira os vencedores do Concurso Nacional de Jornais Escolares — um projecto de educação associado ao programa PÚBLICO na Escola, promovido pelo jornal e desenvolvido em parceria com o Ministério da Educação e a EDULOG, a Think Tank da Fundação Belmiro de Azevedo. Foram dados, no total, oito mil euros às melhores publicações escolares.
Com o objectivo de promover a literacia mediática, o conhecimento e ainda incentivar a prática de um jornalismo escolar crítico, no concurso podiam participar todos os agrupamentos escolares e estabelecimentos de ensino, do básico ao secundário, de todo o país, que tivessem um jornal em papel ou formato digital.
Com as candidaturas a começarem em Março de 2021, o PÚBLICO recebeu 139 publicações para análise, isto é, mais 34 do que na edição anterior. Os vencedores das categorias de melhor jornal de agrupamento, melhor jornal de escola, prémio incentivo, melhor reportagem, melhor design e melhor trabalho de ciência foram conhecidos já em Outubro e receberam esta quarta-feira os prémios.
O evento, que decorreu na redacção de Lisboa, contou com a presença de Daniel Carvalho, representante da EDULOG, com o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, e com o ministro da Educação. Tiago Brandão Rodrigues não só deu os parabéns à iniciativa como desafiou o PÚBLICO a abraçar ainda mais o trabalho das gerações futuras, que comprovaram que “o jornalismo é uma coisa demasiado séria para ficar só na mão dos adultos”, afirmou.
A cerimónia abriu com o discurso de Manuel Carvalho, o director do jornal, que celebrou o “ressuscitar” da iniciativa, que acabou por ganhar força com a pandemia e agradeceu o contributo de todos os patrocinadores, cuja ajuda foi “essencial” para a continuidade do projecto. “Um projecto de total responsabilidade social, não havendo qualquer interesse nele para além de pôr os mais novos a compreender o mundo cada vez mais complexo que os rodeia”, afirmou. Apesar de saudar o trabalho até aqui já feito, o director garantiu ainda que “isto é só o princípio” e que “queremos fazer muito mais”.
“Dia de boas notícias”
As mesmas palavras de incentivo seguiram-se com Bárbara Simões, uma das coordenadoras do projecto, para quem foi um “dia de boas notícias”, sobretudo pelo crescimento do número de jornais escolares a que se tem assistido ao longo dos últimos anos. “E isto está longe de ser só um número que aumenta, é sinal de criatividade, de motivação e do espírito de resiliência destas publicações”, continuou. Para as futuras edições, a coordenadora deixou o desafio ou “provocação”, como diria, aos mais novos de se aventurarem pelas ruas e penetrarem na arte da reportagem.
Luísa Gonçalves, também envolvida na coordenação do PÚBLICO na Escola, admitiu que avaliar todos os jornais candidatos não foi uma experiência fácil, mas que compensou pela gratificação final. Entre os dados apresentados, salientou que é o digital cada vez mais a casa das publicações jornalísticas escolares, acompanhando o paradigma actual do jornalismo português e mundial.
Que o diga o EçaNews, totalmente online, que nasceu em Janeiro de 2021 pela mão de alguns professores do Agrupamento de escolas Eça de Queirós, em Lisboa, como Paula Faia e alunos como o Dinis Marques, do 12.º ano, que hoje é o director do jornal. Ao PÚBLICO contou que quer ser jornalista desde os seus dez anos e decidiu participar no projecto escolar para ir já praticando a escrita. “Ele vinha a subir as escadas da redacção a dizer ‘é aqui que me vão encontrar daqui a alguns anos'”, contou a professora Paula Faia.
Por outro lado, João Pedro do NewsPoeta, que ficou em 2.º lugar para Melhor Jornal de Escola, já deixou a Escola Secundária Poeta António Aleixo, em Portimão, e entrou em Informática no Instituto Superior Técnico, mas confessa ainda sentir um grande carinho pelo jornal que viu crescer, através da associação de estudantes. “Foi fantástico, no início pensámos que não ia ter grande adesão, mas as pessoas foram gostando e fomos escrevendo mais artigos”, comentou.
O grande prémio de Melhor Jornal de Escola foi entregue ao já veterano Outra Presença, do Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, em Bragança, para o qual Carolina Teixeira e mais outras dez pessoas escrevem regularmente. A jovem que também esteve presente na cerimónia garante que o prémio se deve a todo o “esforço, entreajuda e capacidade de mudança” que caracteriza a publicação desde os seus 32 anos de idade.
Texto editado por Pedro Sales Dias