Comissão de inquérito ao acidente nas obras do Metro não vai ouvir Valente de Oliveira

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Os socialistas desistiram da audição, depois de PSD e CDS-PP terem prescindido de ouvir um técnico do ministério Inácio Rosa/Lusa

O Partido Socialista prescindiu hoje da presença do ministro das Obras Públicas, Valente de Oliveira, na comissão parlamentar de inquérito ao acidente nas obras do metropolitano no Terreiro do Paço.

A decisão dos socialistas foi tomada depois de os deputados da maioria terem prescindido, por seu turno, da audição de Gama Prazeres, o técnico do ministério responsável pela ligação entre as várias entidades que procedem ao esvaziamento do túnel.

O PS tinha pedido a comparência de Valente de Oliveira no Parlamento na sequência da insistência dos deputados do CDS-PP e PSD em ouvir Gama Prazeres.

Os deputados prescidiram também de chamar à comissão Maria de Lurdes Silva, autora do parecer sobre a auditoria jurídica do Ministério do Equipamento ao despacho que consubstancia o acordo firmado entre o então ministro Ferro Rodrigues e o consórcio Metropaço.

Assim sendo, e até ao final dos seus trabalhos, a comissão vai apenas visionar na próxima terça-feira um conjunto de gravações feitas recentemente e ouvir, dois dias depois, a empresa Coba, responsável por estudos sobre a zona do Terreiro do Paço.

Metro, Câmara e Governo contra técnica da autarquia

Entretanto, a ideia de demolir o túnel do Metro no Terreiro do Paço, sugerida ontem por uma técnica da Câmara de Lisboa, foi contrariada hoje por responsáveis da empresa e do Governo, tendo levado mesmo a autarquia a demarcar-se da posição assumida pela funcionária.

Maria de Lurdes Alvarez, assessora principal de obras da Câmara de Lisboa, defendeu ontem, à margem do VII Encontro dos Construtores e Promotores da Área Metropolitana de Lisboa, que a estrutura do túnel está "mal concebida", pelo que este deveria ser demolido e substituído por uma infra-estrutura mais adequada.

No entanto, tanto o Ministério das Obras Públicas como a administração do Metro insistem na viabilidade do túnel.

"Atrevemo-nos a classificar essa intervenção como absurda", declarou Leiria Pinto, administrador do Metro. Por seu lado, uma fonte da tutela garantiu que a proposta da técnica "carece de fundamento". "O túnel só está meio esvaziado e o que é conhecido não aponta para a necessidade de soluções radicais", explicou a mesma fonte, acrescentando que "só se pode chegar a uma conclusão depois de retirar toda a água e analisar o comportamento da estrutura".

A opinião é partilhada por Leiria Pinto, o qual sublinha que "o esvaziamento do túnel está a ser cumprido e nada indica que o comportamento da estrutura seja mau". "Estamos a cumprir a segunda fase do plano de esvaziamento, assessorados pela Ferconsult e técnicos holandeses e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil e a situação está estabilizada", acrescentou. O problema que persiste, explicou, é o da "ovalização do túnel, que é possível corrigir".

Por seu lado, a autarquia emitiu esta tarde um comunicado em que sustenta que as declarações da engenheira "em nada correspondem à posição técnica e política do executivo em funções".

O texto acrescenta que a funcionária camarária esteve presente no encontro "a título pessoal ou em nome de outra instituição, que não a CML, pelo que as afirmações proferidas a responsabilizam individualmente e só assim podem ser entendidas".

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