Cartas ao director

Parabéns

Escrevo estas breves palavras para dar-lhe os parabéns pela recente iniciativa de assinatura conjunta com o jornal Folha de São Paulo. Não sou brasileira, mas sou licenciada em história, mesmo que não seja esse o meu âmbito profissional. Assim, o Brasil é para mim hoje um laboratório de história ao vivo neste tempo, assim como os Estados Unidos da América. Portugal também tem uma sala neste laboratório, assim como todos os países. Mas Portugal, a Europa e os EUA têm informação precisa de verdadeiros jornalistas mais acessível, mesmo que haja também focos de notícias falsas (que aliás são um mecanismo bastante antigo). Além disso, a língua ainda nos une, apesar de desacordos ortográficos e a tendência, também dos dois lados do Atlântico, para a abastardar.

Sandra Silva, Sines

Jesus daria vitória clara a Vieira

A confirmar-se Jorge Jesus como trunfo eleitoral de Luís Filipe Vieira, este ganhará, com facilidade, as próximas eleições no Benfica, marcadas para 26 de Outubro. Não creio que Gomes da Silva tenha hipóteses e muito menos o movimento “Servir o Benfica”, constituído, na sua grande maioria, por gente anónima. A primeira vitória de Jesus, se vier, claro, como tudo indica, será, de facto, a de Vieira, que se apresenta nas urnas com grande supremacia sobre os seus prováveis opositores.

A vinda de Jesus teria, ainda, a vantagem de mudar a estratégia do futebol dos “encarnados”, já que não é adepto da formação. Não é por acaso que o Record fala no regresso à Luz do central Garay se Jesus chegar a acordo com o Benfica. Costuma-se dizer que nunca se deve voltar ao lugar onde se foi feliz. Mas não creio que este dito se aplique ao futebol do Benfica, já que Jesus é o décimo treinador a regressar e só três não foram bem sucedidos nesse retorno. A sua obra como treinador é um bom presságio para voltar a triunfar no Benfica. Nem será necessário falar do que fez na Luz e no Flamengo. Até no Sporting, deixou a sua chancela. Não sou, longe disso, dos que têm parti-pris contra Jesus por ter ido treinar o Sporting. Nem ninguém, de boa-fé, poderá ter. Tudo o resto não passa de fanatismos, que tornam, por vezes, irrespirável o ambiente em que vive o futebol português.

Simões Ilharco, Lisboa

Aljube e Rita Rato

Há muito boa gente, com pergaminhos académicos, que faz o estudo do regime fascista português como um objeto de arqueologia política, como um passado histórico ultrapassado, como matéria de conservação museológica de uma memória remota. Em contraste com essa erudição morta, há que olhar para o Museu da História da resistência e da luta pela liberdade como um passado presente, que tem de estar vivo na consciência das novas gerações. Quem mais sofreu nas masmorras do Tarrafal, Caxias e Peniche, por lutar pela liberdade? Salvo erro, terão sido os comunistas portugueses. Não surpreende que chovam argumentos para rejeitar a escolha para a direção do Museu do Aljube de Rita Rato, uma mulher comunista, de uma geração do período pós-revolução de Abril. E vá de julgar o curriculum postumamente com bola preta, principalmente pela filiação que se quer ostracizar, como no antigo regime.

José Manuel Jara, Lisboa

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