Coreia do Sul preocupada com novo surto ligado a bares LGBT de Seul

Autoridades estão à procura de três mil pessoas para testar, busca dificultada num país onde os homossexuais podem perder o emprego por causa da sua orientação sexual. Governo travou desconfinamento e teme que a covid-19 se espalhe.

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Desinfecção na área de Itaewon, em Seul, onde um surto de covid-19 já vai com 86 infectados YONHAP/Reuters

O Governo da Coreia do Sul está a envidar esforços para tentar conter um novo surto de infecções pelo novo coronavírus que resultou em 35 casos positivos na segunda-feira, a maior subida desde 9 de Abril. Este novo surto surgiu em Itaewon, zona de bares e discotecas de Seul muito frequentada pela comunidade LGBTQ.

Até agora as autoridades já conseguiram testar quatro mil pessoas relacionadas com este surto, mas calculam que haja mais três mil pessoas que precisam de ser testadas e fizeram um apelo a quem tenha estado nos bares e discotecas de Itaewon nos últimos tempos que contactem as autoridades para saber se estão infectados.

O que é mais fácil de pedir do que concretizar. Num país onde a homossexualidade é malvista e redunda em discriminação, discurso de ódio e até perda de emprego, muitos estarão receosos de se chegar à frente e arriscar mostrar publicamente as suas preferências sexuais.

Desde meados de Abril que as medidas adoptadas na Coreia do Sul permitiram manter os novos casos abaixo dos 15 infectados por dia, o que permitiu começar a aplicar medidas de desconfinamento. Agora, as autoridades estão preocupadas com uma “segunda nova vaga” de covid-19, que obrigue a dar um passo atrás no processo de abertura. Para já, o processo desconfinamento foi posto em pausa.

O Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da Coreia do Sul anunciou que até agora há 86 testes positivos relacionados com o surto de Itaewon, incluindo pessoas que tinham viajado até Seul, a capital, e, entretanto, regressaram às suas casas.

O primeiro-ministro Chung Sye-Kyun, pediu esta segunda-feira aos governos locais para mobilizar o máximo de gente possível para ajudar a polícia a localizar as cerca de três mil pessoas, sobretudo, aquelas que se temem estar a intencionalmente a evitar serem testadas. “Temos de encontrá-las rapidamente e testá-las e a velocidade aqui é chave”, afirmou o primeiro-ministro.

Durante a mesma reunião com membros do Governo, Chung afirmou que a “máxima prioridade é minimizar a propagação das infecções na área da grande Seul”.

O presidente da câmara da capital, Park Won-soon, prometeu a todos os que se apresentarem para ser testados que a sua informação pessoal será protegida e que todos aqueles que forem apanhados a evitar o teste serão multados.

O surto da popular área de clubes e discotecas de Seul estará relacionado com um único indivíduo, um homem de 29 anos que esteve em Itaewon no princípio do mês e que deu positivo para a covid-19 na sexta-feira.

Park teme que se a infecção penetrou na cidade, onde vivem dez milhões de pessoas, todos os esforços feitos até agora para controlar a pandemia na Coreia do Sul (que tem até agora 10.909 casos e 256 mortes) sejam em vão. Seul tem até agora 700 casos confirmados, mas “se entrou em Seul, a nação está em risco”.

Yoon Tae-ho, do Ministério da Saúde, afirmou que as autoridades resolveram divulgar “o movimento dos pacientes confirmados para encorajar todos aqueles que possam ter estado expostos a se testarem voluntariamente”. Ao mesmo tempo, o Governo avisa todos aqueles que “distribuam informação pessoal dos pacientes ou rumores sem fundamento” que “serão sujeitos a punições”.

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