Ministério vai renovar os contratos feitos com profissionais de saúde durante a pandemia

Até ao momento foram contratados cerca de 1800 profissionais. Num retrato das infecções registadas entre 25 e 30 de Abril, a ministra explicou que 37% aconteceram em lares.

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Manuel Roberto

O Ministério da Saúde vai renovar os contratos dos profissionais de saúde que foram contratados ao abrigo do regime especial criado para fazer face a este período de pandemia. Em conferência de imprensa, a ministra da Saúde adiantou também que na próxima semana deverão chegar mais 48 ventiladores.

“Dentro deste regime excepcional foram celebrados cerca de 1800 contratos válidos por quatro meses, com possível prorrogação por igual período. Num contexto em que preparámos o Serviço Nacional de Saúde para responder não só à actividade que foi suspensa durante o período da pandemia, mas também para manter a resposta a um eventual recrudescimento da doença, a manutenção dos contratos é muito importante”, afirmou a ministra da Saúde, este sábado, em conferência de imprensa. Mas sem adiantar a quantos será feita a renovação.

De acordo com o relatório que analisou o segundo período do estado de emergência, entre 3 e 17 de Abril, o Ministério da Saúde tinha contratado 1864 profissionais de saúde ao abrigo deste regime. Destes, 76 são médicos, 618 enfermeiros, 896 assistentes operacionais, 124 assistentes técnicos, dez farmacêuticos, 113 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica e 27 técnicos superiores.

O relatório referia que o Estado comprou 1151 ventiladores para reforçar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde. Mas apenas uma pequena parte chegou ainda ao país, fruto de alterações relacionadas com os processos de aquisição e de transporte impostas pela China. Deste pacote, adiantou a ministra este sábado, já chegaram 76 ventiladores e “a expectativa é que na próxima semana cheguem mais 48 ventiladores adquiridos ao exterior”.

O reforço da resposta nesta área fez-se também com doações (180 ventiladores), empréstimos (156) e ventiladores recuperados (119). “Até à data já temos aptos a funcionar 275 ventiladores invasivos e 256 não invasivos”, explicou Marta Temido.

Quanto ao desconfinamento, “vamos manter e intensificar a vigilância epidemiológica dos casos e dos contactos de casos, para conseguimos os bons resultados que conseguimos no início da epidemia, sabendo que vamos aumentar os contactos e os risco serão maiores do que quando estávamos em confinamento”, disse, por sua vez, a directora-geral da Saúde.

Graça Freitas explicou que na “nova fase epidémica terá de haver um reforço da monitorização, com recurso a métodos tradicionais de procura de contactos para evitar cadeias de transmissão, mas também com recurso a novas tecnologias”. Falou em específico do sistema Trace Covid, “que permite seguir os doentes inscritos e ajudará a encontrar os contactos de doentes”. E deixou um apelo a que as pessoas que sejam contactos de doentes liguem para a linha SNS24, “para que as autoridades de saúde pública possam fazer a história epidemiológica e ver se foi um contacto de baixo, médio ou alto risco”.

Mais de um terço contraiu a infecção em lares

Num balanço dos dois primeiros meses de pandemia em Portugal, a ministra disse que dos mais de 25 mil casos positivos registados até agora, “o doente mais novo tinha alguns meses e o mais velho 111 anos”. Este sábado, o número total de casos positivos desceu depois de ter sido identificada uma duplicação de casos na região Norte.

Fez também uma descrição mais pormenorizada dos casos registados entre os dias 25 e 30 de Abril. “Dos 2369 casos confirmados, 1454 eram mulheres e 438 tinham mais de 80 anos”. De acordo com Marta Temido, “mais de um terço dos novos casos registaram-se no distrito do Porto, seguindo-se Lisboa e Braga”.

Quanto ao contexto onde a infecção foi adquirida naquele período, “em 37% dos casos foi referido em lares, em 33% na residência (coabitação), em 15% no contexto laboral, em 7% no contexto social – o que é um número inferior ao reportado no período da semana passada, onde 9% das infecções tinham sido contraídas socialmente e em que incidia um maior cumprimento das regras que temos vindo a difundir”. “E, finalmente, em 6% dos casos “foram referidas instituições ligadas à prestação de cuidados de saúde”, disse.

Marta Temido referiu ainda que “em 73% dos casos a apresentação clínica mais frequente era assintomática e em 22% as infecções eram também assintomáticas”. Metade dos novos casos tinha comorbilidades, sendo as mais frequentes hipertensão arterial e diabetes. As doenças cerebrocardiovasculares foram encontradas em um quarto dos novos casos positivos, 34% registavam doença neurológica e em mais de um quarto havia a presença de neoplasias. “Cerca de 44% dos casos que apresentam pelo menos uma comorbilidade tiveram necessidade de internamento”, explicou a ministra, referindo que “um décimo dos doentes internados necessitou de suporte ventilatório” e que nesse período registaram-se 20 novos casos em grávidas.

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