Pais passam a poder controlar conta de TikTok dos filhos

As novas funcionalidades incluem definir o tempo que os mais novos passam na aplicação, o conteúdo que vêem e as mensagens directas autorizadas.

Foto
O TikTok nasceu em Agosto de 2017 pelas mãos da ByteDance, uma empresa chinesa Reuters/Dado Ruivic

A aplicação móvel TikTok anunciou um novo “modo de segurança familiar” que permite aos pais controlar a forma como os adolescentes usam a rede social. Inclui ferramentas para gerir o tempo que os menores passam na aplicação, as mensagens que recebem e a capacidade de limitar o conteúdo a publicações apropriado para todas as audiências (por exemplo, sem profanidade). Nenhuma das funcionalidades é nova, mas agora a aplicação permite que possam ser controladas por um adulto. Para o fazer, porém, os pais têm de criar uma conta no TikTok.

Apesar de apenas ter surgido em 2017, a aplicação chinesa acabou a década entre as dez mais populares, à frente de outras mais estabelecidas como o Twitter e o YouTube, de acordo com o balanço publicado no final do ano pela consultora especializada App Annie. O principal objectivo da aplicação é pôr os utilizadores a criar um vídeo viral, com um limite de apenas alguns segundos. Há muitas danças coreografadas, dicas, desafios e até vídeos de culinária e maquilhagem. Só que, enquanto em aplicações como o Instagram ou o YouTube a primeira coisa que os utilizadores vêem são os vídeos de quem seguem, no TikTok o utilizador vê primeiro os vídeos mais populares escolhidos por um algoritmo misterioso.

“Queremos que as pessoas se divirtam no TikTok, mas também é importante para a nossa comunidade garantir o bem-estar dos utilizadores”, resumiu Cormac Keenan, responsável pelo departamento de segurança do TikTok para a região da Europa, num comunicado sobre as novas ferramentas. O objectivo, explicou, é “ajudar os pais e guardiães a manter os seus adolescentes seguros no TikTok”.

A faixa etária que mais usa o TikTok é a dos 16 aos 24 anos, segundo dados da analista GlobalWebIndex. Mesmo assim, é fácil encontrar utilizadores mais novos e, embora a idade mínima para usar a aplicação sejam os 13 anos, é possível escapar ao controlo de idade (basta dar outra data de nascimento).

As novas ferramentas de controlo parental surgem no seguimento de controvérsias sobre o uso da aplicação pelos mais novos, quando não há monitorização. Uma das fontes de receita do TikTok, além da publicidade, é a venda de bens virtuais como emojis e autocolantes para os utilizadores oferecerem uns aos outros. Em 2019, o TikTok optou por limitar o acesso a estes “presentes digitais” a menores depois de uma investigação da BBC no Reino Unido descobrir que os utilizadores mais novos estavam a gastar a mesada toda para oferecer prendas digitais (compradas no TikTok com dinheiro real) aos utilizadores populares em troca de serem mencionados nos seus vídeos.

O Reino Unido será o primeiro país a receber a actualização com o novo “modo de segurança família”, embora a aplicação diga que as novidades chegarão a mais países “nas próximas semanas”. O PÚBLICO tentou contactar a equipa do TikTok para perceber se as ferramentas iam chegar à versão Portuguesa da aplicação, mas não obteve resposta até à hora de publicação deste artigo. Num email posterior, a equipa nota que as novas funcionalidades também já estão disponíveis em Espanha. Há uma opção que permite aos pais escolherem os destinatários autorizados a enviar mensagens aos menores, ou bloquearem por completo as comunicações privadas na aplicação. 

A par das novas ferramentas, o TikTok convidou vários dos seus utilizadores mais populares a participar numa série de vídeos sobre a gestão do tempo que passam em frente ao ecrã.

O TikTok não é a primeira aplicação preocupada com o bem-estar digital. Em 2018, o Facebook e o Instagram anunciaram que iriam passar a dar aos utilizadores um contador com o tempo que passa nestas plataformas. Nesse mesmo ano, o Google anunciou ferramentas para o sistema operativo Android que incluem um indicador do tempo de uso do telemóvel, e uma opção que transforma as cores do ecrã em tons de cinzento nas horas antes de o utilizador se deitar.

Actualizado 22 de Fevereiro: Foi acrescentada informação da equipa do TikTok. 

Sugerir correcção
Comentar