Fenprof diz que vem aí “enorme falta de professores qualificados nas escolas”

Só este ano, apenas até Junho já se aposentaram “mais professores do que no ano inteiro de 2018” diz secretário-geral daquela frederação sindical.

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Daniel Rocha

O secretário-geral da Fenprof afirmou esta segunda-feira que em breve se começará a sentir “uma enorme falta de professores qualificados nas escolas” portuguesas, caso o Governo não tome medidas. "Se o Governo não tomar medidas e se o Governo não resolver [o problema do envelhecimento da profissão docente], vai haver uma rotura tremenda não tarda”, afirmou o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, numa conferência de imprensa na Escola Rainha Santa Isabel, em Coimbra.

O secretário-geral da Fenprof explicou que, após o 25 de Abril de 1974, com a democratização do ensino, houve um aumento exponencial do número de professores a entrar para o sistema público e que agora estão perto da idade de aposentação. Nesse sentido, “o número de aposentados anualmente vai aumentar brutalmente e vai haver uma dificuldade enorme em colmatar as faltas”, vincou. Só este ano, apenas até Junho já se aposentaram “mais professores do que no ano inteiro de 2018”.

Segundo afirma, o Ministério da Educação colocou este ano mais professores para se apresentarem nas escolas no primeiro dia de Setembro do que em 2018 “em todo o 1.º período até 31 de Setembro”. Há grupos de recrutamento que já “não têm ninguém para as reservas de recrutamento”.

Como exemplo do envelhecimento da profissão, o secretário-geral da Fenprof apontou para o próprio Agrupamento de Escolas Rainha Santa Isabel, de Coimbra, em que a idade média dos docentes é de 54,4 anos e o número de professores com 65 anos é superior a todos os que têm até 40 anos, que são apenas três (e têm todos 39 anos).

Na conferência de imprensa, a Fenprof também respondeu ao primeiro-ministro, António Costa, que afirmou numa entrevista recente ao Expresso que estaria disponível para negociar com os professores, desde que estes estivessem de “bandeira branca” na mão. “O senhor primeiro-ministro já devia saber que os professores não se rendem”, disse Mário Nogueira.

Segundo Mário Nogueira, os professores estão disponíveis a negociar e a dialogar, mas não irão “içar qualquer bandeira branca”. Enumerou nove bandeiras de luta dos professores para qualquer negociação com o futuro Governo, após as eleições legislativas de 6 de Outubro. Cinco dessas bandeiras estarão presentes num abaixo-assinado que a Fenprof vai pôr a circular nas escolas a partir desta segunda-feira e que será posteriormente entregue ao Governo e ao parlamento que saírem das eleições legislativas, informou.

A encabeçar essas exigências está a recuperação integral do tempo de serviço dos professores que falta contabilizar, seguindo-se a necessidade de um regime específico de aposentação, o combate à precariedade, o fim de “abusos” nos horários de trabalho dos docentes e um regime de concursos justo. Todas as bandeiras vão constar do Caderno Reivindicativo dos Professores e Educadores, documento que deverá ser aprovado na sexta-feira, no Conselho Nacional da Fenprof.

Durante a conferência de imprensa, Mário Nogueira apelou à mobilização dos professores para a manifestação nacional convocada para Lisboa para 5 de Outubro, um dia antes das legislativas, naquele que é o Dia Mundial do Professor.

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