Caso da morte de triatleta vai directo para julgamento. Rosa Grilo mantém versão de que foi morto por grupo

Defesa de Rosa Grilo não vai pedir instrução do caso do homicídio do triatleta, nem a defesa do alegado amante. Viúva sublinhará em tribunal que foi morto por um grupo de três angolanos com quem teria divergências relacionadas com negócios de diamantes.

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Rosa Grilo à chegada ao Tribunal de Vila Franca de Xira, para um interrogatório judicial, em Setembro de 2018 ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

A defesa da viúva Rosa Grilo não vai pedir a abertura de instrução do processo do homicídio do empresário e triatleta Luís Grilo, segundo revelou ao PÚBLICO a advogada Tânia Reis. O advogado de defesa do co-arguido António Joaquim (alegado amante de Rosa Grilo) também já anunciara que não vai requerer a abertura de instrução. Significa isto que o julgamento vai avançar nos próximos meses, no Tribunal de Loures. Estão arroladas 44 testemunhas e a decisão final será tomada por um colectivo de juízes e acompanhado por tribunal de júri composto por quatro cidadãos eleitores escolhidos na Comarca de Lisboa-Norte.

“Não vamos requerer a abertura de instrução”, adiantou a advogada alverquense Tânia Reis, que desde que foi conhecida a acusação deduzida pelo Ministério Público (24 de Março) admitiu que esta possibilidade estava a ser ponderada com a sua cliente. O prazo de 20 dias para solicitar a abertura de instrução – fase em que o processo é apreciado por um juiz que decide se segue ou não para julgamento – termina esta semana.

Tânia Reis refere também que Rosa Grilo vai manter em tribunal a versão que relatou no primeiro interrogatório de que Luís Grilo terá sido morto, na sua presença, por um grupo de três angolanos com quem teria divergências relacionadas com negócios de diamantes. A causídica admite, no entanto, que a opção solicitada pelo Ministério Público de Vila Franca de Xira de julgamento com Tribunal de Júri poderá ser prejudicial para a sua cliente, porque entende que “já foi condenada pela opinião pública”.

Já Ricardo Serrano Vieira, advogado que representa o funcionário judicial António Joaquim (alegado autor do disparo mortal, de acordo com a acusação do Ministério Público), considera “irrelevante” a realização do julgamento com tribunal de júri, porque está convicto de que não há no processo provas que incriminem o seu cliente. O advogado observou logo depois da divulgação do despacho de acusação que não iria pedir a abertura de instrução e que, perante os factos apontados pelo Ministério Público, acredita que é “provável” a absolvição do seu cliente.

“A acusação concretiza a tese da Polícia Judiciária (PJ) sobre a interpretação das provas reunidas. Compete ao MP provar a culpa e não compete ao arguido provar a sua inocência, ainda que, no caso em concreto, após a leitura do despacho de acusação e a análise do raciocínio e dos argumentos aí expostos, seja de concluir pela provável absolvição do arguido em sede de julgamento”, disse Ricardo Serrano Vieira ao PÚBLICO.

Rosa Grilo (44 anos) e António Joaquim (43 anos) estão acusados da prática, em co-autoria, de crimes de homicídio qualificado agravado e de profanação de cadáver e o funcionário judicial responde também por posse de arma proibida. Entre as 44 testemunhas arroladas contam-se o filho menor de Rosa e Luís Grilo, a irmã do triatleta e o pai de Rosa Grilo.

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