Carlos Moedas é mandatário nacional do PSD para as europeias
Coube a Paulo Rangel fazer o anúncio que classificou de uma "prenda, um mimo europeu" à convenção nacional do Conselho Estratégico.
O cabeça de lista do PSD ao Parlamento Europeu, Paulo Rangel, anunciou neste sábado o comissário europeu Carlos Moedas como mandatário nacional do partido às eleições europeias de Maio.
Paulo Rangel não tinha intervenção prevista para o encerramento da primeira Convenção Nacional do Conselho Estratégico Nacional do PSD, em Santa Maria da Feira, mas subiu ao palco para fazer um anúncio, algo que apelidou como uma "prenda, um mimo europeu" a esta iniciativa.
O comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, foi assim anunciado como "mandatário nacional para eleições europeias", uma decisão não só pessoal, mas para a qual Paulo Rangel disse ter sido mandatado pelo presidente do partido, Rui Rio.
O eurodeputado do PSD não esqueceu que, a poucos quilómetros de Santa Maria da Feira, o PS promove também hoje a Convenção Europeia do partido, em Vila Nova de Gaia.
"Aqui bem perto são feitos anúncios de que há comboios fantasma e há vacas que voam. É caso para dizer que nós estamos a trabalhar e vivemos no mundo do CEN e eles estão a falar e vivem no mundo Zen", ironizou.
Quando tomou a palavra conforme previsto no programa, Carlos Moedas confessou que quando na sexta-feira viajava de Bruxelas para Portugal, "não vinha para isto", mas assumiu que ficou muito "contente com isto".
"Fico contente porque quero participar, porque Paulo Rangel é uma pessoa muito especial, é uma referência na política europeia. O que representa hoje no Parlamento Europeu é muito mais do que se podia esperar de um líder", elogiou.
Não são precisos novos partidos
O comissário europeu Carlos Moedas assumiu entretanto que Portugal "não precisa de novos partidos", defendendo que, no futuro, os partidos vão transformar-se em plataformas de ideias.
"Não precisamos de novos partidos. Precisamos de ligar as pessoas aos partidos através do conhecimento", sublinhou, uma semana depois do congresso fundador da Aliança, do ex-presidente do PPD/PSD Pedro Santana Lopes.
No encerramento da 1ª Convenção Nacional do Conselho Estratégico Nacional aquele responsável defendeu que "o conhecimento e a tecnologia globalizaram a nossa economia, mas de certa forma tribalizaram a política".
Se, no passado, os partidos diziam às pessoas o que fazer e se posicionavam como geradores de conhecimento, hoje, no mundo digital, as pessoas não querem que se lhes diga o que fazer, argumentou.
"Hoje, as pessoas não querem isso. Querem desenhar um futuro connosco. Já não chega dar informação aos cidadãos. A maioria tem o conhecimento do mundo inteiro à disposição no seu telemóvel", prosseguiu.
Para o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, a grande questão é como é que os partidos vão envolver as pessoas, para que elas tragam esse conhecimento, tarefa que no seu entender "pressupõe uma mudança no papel desempenhado pelos partidos".
"O papel dos partidos é hoje ajudar a gerir essa informação, muitas vezes contraditória. Não com a atitude de quem procura ensinar a sociedade, mas de quem quer aprender com ela", sustentou, sublinhando que "os partidos têm de ser permeáveis a estes contributos".
Para Carlos Moedas, aquilo que hoje falta é esta ligação entre pessoas, o conhecimento e a política, que o PSD pode restabelecer de três maneiras.
Em primeiro lugar, assumindo-se como uma plataforma de troca de ideias, em segundo lugar apresentando propostas de políticas públicas fundadas em evidência científica e por último oferecendo uma matriz de leitura para multiplicidade de informação disponível, compatível com os valores de uma social-democracia do século XXI. "É isso que hoje aqui demonstramos", afirmou.