Morreu José Queirós, director e fundador do PÚBLICO
José Queirós foi também provedor do Leitor do PÚBLICO durante três anos. Tinha 67 anos. Presidente da República recorda que era seu amigo desde os tempos do Expresso e enaltece-lhe as qualidades: “Era culto, isento, rigoroso nos valores, amigo do seu amigo.”
Morreu José Queirós, director da fundação do PÚBLICO. Nascido no Porto, em 1951, José Queirós dizia já ser jornalista “mesmo antes da profissão”. Tinha pelo jornal que ajudou a fundar e a crescer um “afecto possessivo”. Tornou-se, por isso, provedor do Leitor.
“Agora farto-me de ler, sou sério candidato a leitor número um do PÚBLICO, leio o jornal de ponta a ponta. Se já antes o fazia, quando por aqui andei e ajudei a criar este diário, continuei a fazê-lo, por gosto”, lê-se na sua pequena nota biográfica.
Vincava a sua veia crítica em relação ao jornal. “Tenho orgulho neste jornal e zango-me com ele quase todos os dias. Suponho que se chama a isto um afecto possessivo, que devo recalcar semana após semana, para ganhar a distância necessária na avaliação das críticas que me chegam”, acrescentava.
Em 2012, na sua última crónica, José Queirós agradecia aos leitores. Dirigia-se a um “leitor culto e exigente, que aprecia o rigor, a isenção e a profundidade das notícias, que valoriza a qualidade da informação e da opinião, que é pouco tolerante face a erros e falhas profissionais”. A um leitor que “está preocupado com o futuro do jornal que escolheu”.
“Obrigou-me a reflectir sobre um rol significativo de questões de natureza ética e deontológica, suscitadas por trabalhos publicados, e nem todas fáceis de apreciar, por envolverem com frequência escolhas dilemáticas entre valores em confronto”, acrescentava.
Com mais de três décadas de ligação à profissão de jornalista, José Queirós, irmão do jornalista do PÚBLICO Luís Miguel Queirós, iniciou a carreira como estagiário do diário portuense O Primeiro de Janeiro, em 1977. Durante a década de 80, foi responsável pela organização e expansão da delegação do Porto do semanário Expresso.
Nos primeiros anos da vida do PÚBLICO, foi responsável pelo caderno Local Porto. Foi também director adjunto, em dois momentos diferentes. Saiu do jornal em 2002. Nesse ano, integrou a redacção do Jornal de Notícias, onde esteve até 2008.
Marcelo lembra amizade desde o Expresso
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, emitiu uma nota no site da Presidência lamentando a morte de José Queirós, ao qual estava ligado por laços de amizade desde os tempos do Expresso.
“Jornalista apaixonado pela profissão, era culto, isento, rigoroso nos valores, amigo do seu amigo. À sua família, bem como aos seus camaradas, o Presidente da República endereça os mais sentidos pêsames”, lê-se na mensagem.
O corpo de José Queirós estará em câmara-ardente esta sexta-feira à tarde, no Tanatório de Matosinhos. O funeral realiza-se sábado, às 14h.