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Bárbara Vara diz não ter estranhado dois milhões do pai na Suíça

Arguida repetiu o que já tinha dito antes: que confiou no pai, e que sempre fez o que este lhe indicou, sem o questionar.

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Miguel Manso

No primeiro dia de instrução da Operação Marquês, a filha de Armando Vara, Bárbara Vara assegurou não ter estranhado que o pai possuísse dois milhões de euros em contas bancárias na Suíça – apesar de até 2009 desconhecer este facto. Pensou que vinham de negócios do progenitor, alegou.

Neste processo, Bárbara Vara é acusada de dois crimes de branqueamento de capitais por, alegadamente, ter ajudado o pai a lavar dinheiro. Na tese da acusação, quando era administrador da Caixa Geral de Depósitos, Armando Vara envolveu o banco num negócio ruinoso, relacionado com a compra e expansão do resort de Vale do Lobo, tendo em troca recebido um milhão de euros de luvas, através de uma sociedade offshore que lhe pertencia a si e à filha. Foi para dissimular a proveniência desse dinheiro, assegura a acusação, que Bárbara Vara trocou a casa onde morava, na Avenida do Brasil, por outra mais cara na Lapa.

Esta segunda-feira, no Tribunal Central de Instrução Criminal, a filha de Armando Vara foi uma vez mais confrontada com a ignorância que manifestou em anteriores interrogatórios sobre os negócios do antigo governante. E mais uma vez repetiu o que já tinha dito antes: que confiou no pai, e que sempre fez o que este lhe indicou, sem o questionar. A arguida chegou a depositar dinheiro numa conta no Dubai, que assegurou acreditar ser para o pai abrir várias empresas naquele país. Ter-se-á limitado a dar o nome para a criação de duas sociedades offshore. E não terá relacionado os elevados montantes depositados nas contas do pai na Suíça com o facto de ele ser administrador da Caixa Geral de Depósitos.

Bárbara Vara negou conhecer Horta e Costa, alegadamente também implicado no esquema de Vale do Lobo, ou sequer o milionário holandês Jerome Van Dooren que nos primeiros meses de 2008 depositou cerca de dois milhões de euros para uma conta da UBS de Joaquim Barroca, vice-presidente do grupo Lena. Soma que o Ministério Público suspeita que seria para dividir entre o ex-primeiro-ministro José Sócrates e Armando Vara, com a cumplicidade do empresário Carlos Santos Silva – arguido com quem Bárbara Vara disse esta segunda-feira só se lembrar de ter estado uma vez, na casa dos avós em Vinhais.

Armando Vara também tem vindo a dizer que a filha – cujo interrogatório durou apenas cerca de hora e meia – é alheia aos crimes que lhe imputam na Operação Marquês. O antigo governante devia ser ouvido esta terça-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, mas, como se encontra a cumprir pena na cadeia de Évora e decorre uma greve de guardas prisionais, o seu interrogatório foi adiado para 5 de Fevereiro. 

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