Pulisic, o futebolista “made in USA” mais caro de sempre

Reforço do Chelsea para a época 2019-2020 por 64 milhões de euros.

Foto
Pulisic deu nas vistas ao serviço do Borussia e na próxima época vai mudar-se para o Chelsea Leon Kuegeler/Reuters

Christian Pulisic é um fenómeno de precocidade. Aos 17 anos fez história ao tornar-se no mais jovem futebolista não-alemão a marcar na Bundesliga. É o mais jovem a representar e a marcar pela selecção dos EUA em apuramentos para Mundiais. É também o mais jovem da história do Borussia Dortmund a jogar e a marcar na Liga dos Campeões (fê-lo antes de completar 18 anos). E aos 19 foi distinguido com o prémio de jogador norte-americano do ano – é o mais jovem de sempre a recebê-lo, claro.

Aos 20 anos acrescentou mais um recorde ao seu historial: tornou-se no futebolista americano mais caro de sempre, após protagonizar uma transferência (que só se tornará efectiva no próximo Verão) para o Chelsea. Os londrinos vão pagar 64 milhões de euros ao Borussia Dortmund pelo prodígio natural de Hershey, na Pensilvânia.

“Vivi muitos momentos memoráveis – e tê-los experienciado todos antes do meu 20.º aniversário ainda parece, por vezes, um sonho. Quero agradecer a todos os treinadores com quem trabalhei e que me deram estas oportunidades”, escreveu Pulisic na rede social Twitter, em jeito de despedida do Borussia Dortmund. “Mas nos próximos seis meses, o Borussia é tudo! Por favor não duvidem da minha paixão, determinação e empenho a 110%”, acrescentava.

Pulisic mudou-se para a Alemanha aos 16 anos. “Parece que foi ontem que cheguei a Dortmund, um miúdo inexperiente, entusiasmado, muito nervoso, mas excepcionalmente orgulhoso”, recordava o jovem futebolista. Era o primeiro passo de um percurso que o levaria ao topo do futebol mundial.

Para chegar onde chegou, Pulisic pode agradecer ao talento com que nasceu, mas também à sua história familiar: não só o seu pai foi futebolista profissional, como foi graças ao facto de ter passaporte croata (o avô nasceu na Croácia) que teve a possibilidade de jogar tão cedo no Borussia. “Quando tinha cinco anos o meu pai atirava a bola ao ar para eu a controlar ao primeiro toque com ambos os pés”, recordou o jovem futebolista, citado no livro Masters of Modern Soccer, do jornalista da Sports Illustrated Grant Wahl.

“Assim que começou a andar, estava sempre aos pontapés a uma bola”, lembrou a mãe de Christian, Kelley, citada pela Federação de futebol dos EUA. “A minha filha jogava. O meu marido estava sempre a jogar. O futebol estava sempre na nossa vida. O Christian aprendeu a andar com uma bola de futebol nos pés”, acrescentava.

A relação manteve-se desde então. Os quatro anos em Dortmund foram de transformação. Mudou-se para a Alemanha com o pai, depois mudou-se para um apartamento próprio, sozinho. Subiu da equipa sub-17 do Borussia para a sub-19, e dessa para a equipa principal. “Cresceu, física e emocionalmente, passando de criança a homem”, escreveu Grant Wahl. Mas uma coisa não mudou, disse Pulisic ao autor: “Calço o mesmo tamanho de chuteira há uns quatro anos. Sinto que o meu pé cresceu, mas não mudei de tamanho”. Usa a chuteira tamanho 42, mas o outro calçado é normalmente 43,5. “Assim sinto o meu pé mais próximo da bola, como se tivesse mais controlo. Se houver um espaço entre o dedo e a ponta da chuteira, não é tão confortável para tocar a bola”, explicou.

“Pulisic tem uma relação especial com a cidade de Barcelona desde que a visitou pela primeira vez, aos sete anos, com a família. Voltou em três ocasiões distintas para períodos de treino na academia do Barcelona, La Masia, a primeira delas aos dez anos”, revelou Grant Wahl no seu livro. Não admira que Messi seja uma das suas referências, contou o jovem futebolista: “Está num nível distinto de qualquer outro jogador no planeta. Mas gosto de ver vários futebolistas do Barcelona e de outros clubes, como Neymar ou Hazard, porque quero moldar-me ao estilo de jogo deles.”

Em pouco tempo o nome de Pulisic entrará nessa galeria dos maiores talentos mundiais. Dizia ele em Julho deste ano à Federação de futebol dos EUA: “Sei o que dizem: sou o futuro, o rapaz maravilha, o miúdo de Hershey. É bom, mas já não é isso que quero ouvir. Não quero que me vejam como o futuro, ou como um miúdo. Quero ser visto como o presente. Quero ser conhecido como um líder”. Não vai ter de continuar a esperar. A altura dele está a chegar.

Sugerir correcção
Comentar