Foi-se o sonho russo, evitou-se o embaraço diplomático

Croácia eliminou Rússia nos quartos-de-final do Mundial e evitou duelo entre os anfitriões e a Inglaterra. Após 1-1 nos 90 minutos e 2-2 no prolongamento, croatas foram mais certeiros nos penáltis

Modric comandou a selecção croata frente à Rússia
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Modric comandou a selecção croata frente à Rússia Reuters/HENRY ROMERO
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Houve lágrimas em Sochi e pela Rússia inteira quando a selecção anfitriã do Mundial 2018 viu consumada a eliminação do torneio que organiza. Mas não é de descartar que em alguns gabinetes, longe dos olhares do público, também tenha havido suspiros de alívio. Aquilo que poderia tornar-se um gigantesco embaraço diplomático foi evitado – Rússia e Inglaterra enfrentarem-se em campo com tudo o que actualmente rodeia as relações entre os dois países – graças ao maior acerto da Croácia nas grandes penalidades (3-4).

Em Sochi registava-se um empate no final do tempo regulamentar (1-1) e a igualdade resistia também após prolongamento (2-2). Mas, nos penáltis, os croatas foram mais certeiros, com Brozovic, Modric, Vida e Rakitic a converterem com sucesso. A Rússia viu esgotarem-se as vidas neste Mundial, que iniciou sem grandes expectativas, mas do qual se tornou uma das surpresas após eliminar a Espanha nos “oitavos”.

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Passará à história como um dos grandes “e se...” da diplomacia internacional, mas também do desporto. E se na próxima quarta-feira, em Moscovo, Rússia e Inglaterra se enfrentassem? De um lado estaria o fervor dos anfitriões, galvanizados por estarem a superar todas as expectativas. Do outro, a selecção de um país que determinou um boicote ao Mundial 2018 – nenhuma figura do Governo ou da família real inglesa esteve na Rússia – no contexto das acusações que o Reino Unido faz à Rússia relativamente ao envenenamento do antigo espião russo Sergei Skripal e da sua filha, Iulia.

É um cenário cujo desfecho nunca conheceremos, porque será a Croácia, e não a Rússia, a disputar a meia-final contra a Inglaterra. No duelo de Sochi estavam frente a frente duas equipas que precisaram de prolongamento e penáltis para garantir a vaga nos quartos-de-final. E que reincidiram nesse cenário, quando as outras três partidas dos “quartos” tinham sido decididas nos 90’.

As cautelas eram evidentes de parte a parte, embora fosse a Croácia que mais procurava assumir o controlo da partida e praticar um futebol ofensivo. A Rússia, por seu lado, assentava no rigor e compenetração defensivos, para depois desferir contra-ataques rápidos. Num deles, por exemplo, ganhou uma falta que Cheryshev se encarregou de cobrar – atirou directo à baliza, mas Subasic segurou sem problemas.

A ameaça foi concretizada logo a seguir, com o futebolista do Villarreal a inaugurar o marcador com um grande remate de pé esquerdo, de longe, que apanhou toda a gente de surpresa, incluindo o guarda-redes croata. O russo recuperou a bola, serpenteou por entre os adversários, combinou com Dzyuba e depois, entre Vida e Lovren, rematou sem hipóteses para Subasic.

Porém, a resposta da Croácia não tardou. Oito minutos depois, estava restabelecida a igualdade, com Kramaric a finalizar de cabeça após passe de Mandzukic no lado esquerdo. Num ataque rápido lançado por Perisic, a equipa croata aproveitou o desequilíbrio da defesa russa – ficaram todos parados a ver os croatas jogarem e fazerem o 1-1.

Na segunda parte a Croácia cresceu e a Rússia foi-se remetendo à defesa. O segundo golo croata esteve muito perto quando Perisic, após passe de Mandzukic, rematou colocado, mas acertou em cheio no poste da baliza de Akinfeev. A bola ressaltou e passeou-se em frente à linha de golo até se afastar sem entrar. A Rússia respirava de alívio, mas tinha de fazer melhor. Porém, as dificuldades físicas começavam a ser aparentes em ambas as equipas. E como o medo de errar era maior do que a vontade de resolver, o tempo regulamentar esgotou-se sem novidades no marcador.

O prolongamento não ajudou a desfazer a incerteza, apesar de a Croácia ainda ter estado em vantagem. Vida, na sequência de um pontapé de canto, elevou-se sem oposição, tocou de cabeça e Corluka, com uma simulação, enganou a defesa russa. A bola só parou no fundo da baliza de Akinfeev (101’). Só que a Rússia ainda tinha um milagre na algibeira. A cinco minutos do fim, Mário Fernandes fez o 2-2 e adiou todas as decisões para os penáltis. O brasileiro naturalizado russo saltou sem oposição na área croata e correspondeu de cabeça ao livre de Dzagoev.

Não havia tempo para mais, estava consumada a necessidade de grandes penalidades para encontrar o adversário da Inglaterra. A Rússia começou pior, com Smolov a permitir a defesa de Subasic, e continuou pior quando Mário Fernandes, pouco antes o herói, nem sequer acertou na baliza. Na Croácia, só Kovacic não conseguiu marcar a Akinfeev, e o guarda-redes russo ficou prostrado no relvado pela última vez quando Rakitic atirou para o fundo da baliza. A Croácia festejava a passagem às meias-finais, 20 anos depois da última ocasião. A Rússia ficava com o sabor amargo. E o corpo diplomático respirava de alívio.

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