Laurent Simons tem apenas oito anos, um QI de 145 e um diploma do secundário na mochila. A criança de oito anos nascida na Bélgica mas a viver actualmente em Amesterdão, na Holanda, concluiu o ensino secundário este ano, depois de condensar seis anos de estudos em apenas um ano e meio. À cadeia de televisão belga VRT, disse que a sua disciplina preferida era a Matemática. “Porque é tão vasta. Tem estatística, geometria, álgebra...”
Agora, Laurent tem dois meses de férias antes de abraçar o próximo desafio: a universidade. O rapaz ponderou estudar para se tornar um astronauta ou um médico cirurgião, acabou por escolher seguir Engenharia Informática na universidade. Não que a escolha preocupasse demasiado os pais: “Se ele decidisse ser carpinteiro, isso não seria um problema para nós — desde que fosse feliz”, disse o pai durante a mesma entrevista.
Como não é invulgar ocorrer noutros casos de alunos sobredotados, Laurent revelou dificuldade em concentrar-se nas aulas. Não porque a matéria fosse particularmente difícil, mas porque se aborrecia. “Às vezes os alunos demoravam demasiado tempo a responder e eu respondia por eles”, contou.
Numa entrevista de 2017 ao PÚBLICO, Cristina Palhares, coordenadora do núcleo de Braga da Associação Nacional para o Estudo e Intervenção na Área da Sobredotação (ANEIS), explicou que os problemas de concentração são comuns nestas crianças: “Todos os dias, a escola é um sítio onde não aprendem e torna-se um lugar de fastio.”
Laurent também teve dificuldades em fazer amigos na escola, como explicou o pai à televisão belga: “Para ele era difícil brincar com os outros. Olhava para ver como tudo se passava. Fazia as coisas de forma diferente. Não sabia o que fazer aos brinquedos”.
Entrar num doutoramento aos 14 anos
O caso de Laurent é raro mas não é inédito, até porque, de acordo com os números da Organização Mundial de Saúde, entre 3% e 5% das crianças apresenta uma capacidade de aprendizagem muito acima da média. Só em Portugal, a Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas estimava a existência de cerca de 40 mil crianças até aos 12 anos com capacidades cognitivas acima da média.
Também este mês, a canadiana Sakina Rizvi, de 17 anos, licenciou-se em História das Religiões na Universidade de Toronto, onde já tinha realizado uma curta passagem por Engenharia Informática. Foi a aluna mais jovem a receber um diploma naquela universidade, como contou a televisão local CityNews.
Nos EUA, há o caso também recente de Carson Kimp e do irmão, Canaan. Em 2017, então com 14 anos, Carson concluiu uma licenciatura em Física na Texas Christian University (TCU), e está agora a iniciar um programa de doutoramento. Canaan, o seu irmão mais novo, então com 11 anos, seguia-lhe as pisadas e iniciava o curso de Astrofísica e Engenharia na mesma universidade.
No Reino Unido, em 2001, Arran Fernandez fez história ao conseguiu passar no exame de acesso à universidade aos cinco anos de idade.