Sindicato diz que faltam 3500 auxiliares para as 35 horas semanais

Sindicato referiu que as administrações dos hospitais têm de contratar mais pessoas, salientando que o recurso ao trabalho extraordinário não é a solução.

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GAUDêNCIO / PUBLICO

O presidente do Sindicato Independente dos Técnicos Auxiliares de Saúde (SITAS) afirmou nesta quarta-feira à Lusa que ficam a faltar cerca de 3500 funcionários para responder à passagem das 40 para as 35 horas de trabalho semanal.

"A partir do dia 1 Julho, existe um acordo colectivo de trabalho que foi assinado por 36 Hospitais EPE em todo o país que fará com que as pessoas fiquem com 35 horas e não com as actuais 40 horas de trabalho semanal. Pelas nossas contas, faltam cerca de 3500 auxiliares de acção médica estão em falta para cumprir as 35 horas", disse à Lusa Paulo de Carvalho.

O presidente do sindicato explicou que efectuaram um relatório para analisar esta alteração, salientando que já na situação actual estão a faltar auxiliares de acção médica.

"Dos actuais profissionais, 50% têm mais de 50 anos e dos que estão a trabalhar, 20 a 30% têm limitações físicas. Fica em causa a qualidade que nós prestamos no Serviço Nacional de Saúde e estamos a cansar os restantes", frisou.

Paulo de Carvalho salientou que existem enfermarias em alguns hospitais com cerca de 40 doentes e que têm apenas dois funcionários, em vez dos quatro que deviam ter.

"Sofrem cada vez mais de burnout e os auxiliares de acção médica estão lado a lado com os enfermeiros, tendo um contacto muito directo com os utentes. As pessoas estão a ficar cansadas, são sucessivas as baixas porque as pessoas não estão a aguentar", salientou.

O sindicalista referiu que as administrações dos hospitais têm de contratar mais pessoas, salientando que o recurso ao trabalho extraordinário não é a solução.

"O máximo de horas extraordinárias que podemos fazer são 200 horas anuais. Se sobrecarregarmos as pessoas com mais 200 horas anuais é natural que exista uma ruptura física desses trabalhadores", disse.

Paulo de Carvalho considerou ainda que deve ser estudado o aumento das infecções intra-hospitalares em relação com a falta de auxiliares de acção médica.

"Não sei até ponto o aumento exponencial das infecções intra-hospitalares podem ser reflexo da realidade da falta de pessoal que já existe e que, com a passagem para as 35 horas semanais, ficam a faltar cerca de 3500 profissionais. Isto carece de estudo, mas é provável que esteja ligado", afirmou.

O relatório elaborado pelo sindicato será entregue ao Ministério da Saúde.

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