Padilha e os ladrões

Há entrevistas com Padilha que merecem ser ouvidas, porque ele é incansável e heroicamente contra a corrupção num país – o Brasil – onde a corrupção é tão generalizada que não tem cor política.

Só vi o primeiro episódio de O Mecanismo e por isso ainda não tenho opinião final sobre a nova série da Netflix. O realizador José Padilha baseou-se no livro Lava Jato de Vladimir Netto que não conheço, mas que tem sido elogiado pelo rigor jornalístico com que foi investigado e escrito.

Para já parece-me que O Mecanismo está mais na linha sensacionalista de Narcos com exageros de dramatização. Talvez Padilha (que nunca é aborrecido) tenha tido medo de aborrecer. Felizmente não tem medo nenhum de chamar as pessoas pelos nomes, só muito levemente disfarçados.

Sou fã dos filmes de José Padilha, mas também gosto muito das crónicas dele no jornal Globo. Há entrevistas com ele que merecem ser ouvidas porque ele é incansável e heroicamente contra a corrupção num país – o Brasil – onde a corrupção é tão generalizada que não tem cor política. Recomendo uma entrevista de 11 minutos que ele deu à Trip TV em 2015, em que ele diz porque é que realmente saiu do Brasil para ir viver em Los Angeles.

Padilha não alinha no engolir de sapos dos seus amigos de esquerda, condenados a escolher e a defender o mal menor. Ele prefere ser o “chato”, o menino que não se cansa de apontar que o rei não só vai nu, como tem as mãos cheias de jóias roubadas.

Para quem observa o Brasil de longe não faltam exemplos de pessoas corajosas e lúcidas – muitas delas jornalistas – que se recusam a acomodar-se ou a desistir de lutar contra a podridão. Os bandidos podem roubar à vontade – mas não passam por santos.

 

 

 

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