Trump defende Rob Porter. John Kelly disposto a demitir-se

Presidente sai em defesa de assessor acusado de violência doméstica. Chefe de gabinete admite deixar a Administração na sequência da gestão de mais um escândalo na Casa Branca.

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Reuters/JONATHAN ERNST

“Ele diz que é inocente, acho que devemos lembrar-nos disso”, afirmou esta sexta-feira Donald Trump, numa conferência de imprensa na Sala Oval, sobre Rob Porter, assessor do Presidente agora de saída da Casa Branca após denúncias de violência doméstica de duas ex-mulheres. Foi a primeira declaração de Trump sobre o mais recente de uma longa série de escândalos e casos que vêm minando a Administração republicana.

Trump afirmou ter ficado “surpreendido” com as acusações, tornadas públicas na quarta-feira, mas deu o benefício da dúvida a Porter e desejou-lhe sucesso para o seu futuro profissional.

“Descobrimos recentemente e ficámos surpreendidos. Desejamos-lhe o melhor e sabemos que é uma altura difícil para ele”, disse. “Fez um bom trabalho enquanto esteve na Casa Branca”, afirmou o Presidente dos EUA.

Porter demitiu-se na quarta-feira depois de duas ex-mulheres terem dado descrições detalhadas de episódios de violência doméstica e fornecido imagens dos ferimentos ao jornal britânico Daily Mail. O tablóide divulgou ainda uma cópia de uma ordem judicial, datada de 2010, que impedia Porter de se aproximar da sua segunda ex-mulher, Jennifer Willoughby.

Ambas as vítimas dizem ter revelado os seus casos ao FBI quando a polícia federal investigava Porter no âmbito da atribuição da autorização de segurança resultante da sua nomeação para a Casa Branca. Ainda não é claro quantos elementos da Administração souberam destas acusações. Facto é que Porter recebeu uma autorização de segurança provisória e ingressou no círculo próximo do Presidente.

Chefe de gabinete pondera demissão

Esta sexta-feira, o caso ameaçava conduzir a uma segunda demissão na Casa Branca. Segundo o New York Times, John Kelly, chefe de gabinete de Trump e um dos responsáveis pelas nomeações para a Casa Branca, admitiu deixar a Administração na sequência do escândalo, se o Presidente o desejasse. Kelly assumirá desta forma parte da responsabilidade pela gestão do caso – diagnóstico que o jornal nova-iorquino diz ser partilhado por Trump.

A meio da semana, quando as acusações foram conhecidas, Kelly começou por defender Porter, ainda que admitisse estar “chocado” com o teor das revelações.

O NYT, citando fontes da Casa Branca, afirma ainda que as acusações de que Porter é alvo já seriam conhecidas pelo conselheiro Donald F. McGahn II, e ainda que Hope Hicks, directora de comunicações e actual namorada do assessor demissionário, terá pressionado elementos da Administração a saírem em defesa do agressor.

De resto, e na primeira reacção oficial da Casa Branca, logo na quarta-feira, a porta-voz Sarah Huckabee Sanders garantia que a contratação de Porter tinha resultado de “um completo e longo processo de verificação de antecedentes” e que Trump tinha “plena confiança nas suas capacidades e desempenho”, afastando incialmente um cenário de demissão que acabaria por se concretizar. 

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