Campanha para uso racional da água arranca em 17 concelhos do Alentejo

Deve-se evitar regar jardins e hortas, assim como reduzir lavagens de viaturas automóveis e de quintais.

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Em Julho, quase 79% de Portugal continental encontrava-se em situação de seca severa e extrema Rui Gaudencio

Os habitantes de 17 concelhos do Alentejo vão começar a receber nas suas casas, esta semana, folhetos a apelar ao uso racional da água, no âmbito de uma campanha de sensibilização agora lançada, devido à seca.

"Água. Usando bem, mais gente tem" é o mote da campanha, promovida pela empresa Águas Públicas do Alentejo (AgdA), em parceria com a Associação de Municípios para a Gestão da Água Pública no Alentejo (AMGAP).

A iniciativa, anunciada pela AgdA nesta segunda-feira, pretende "sensibilizar para o uso racional da água e promover a adesão a boas práticas que podem ajudar a gerir este precioso recurso, em especial na situação de seca que se vive atualmente".

Até agora, 17 dos 21 municípios alentejanos onde a AgdA gere o abastecimento de água já aderiram à campanha, explicou hoje à Lusa fonte da empresa. "Aguardamos ainda algumas respostas", disse a mesma fonte, explicando que a iniciativa vai arrancar, "esta semana", nos concelhos cujas câmaras já aderiram.

Alcácer do Sal, Almodôvar, Alvito, Arraiolos, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Grândola, Mértola, Montemor-o-Novo, Moura, Odemira, Santiago do Cacém, Vendas Novas, Viana do Alentejo e Vidigueira são os municípios aderentes à iniciativa.

A campanha vai ser divulgada através de informação enviada à população e de cartazes e folhetos a distribuir nas câmaras municipais e nas juntas de freguesia, disse a AgdA. "As pessoas vão receber os folhetos informativos em casa, nas caixas do correio, a apelar ao uso racional da água, e, em colaboração com os municípios, vão ser colocados cartazes em espaços comerciais e de atendimento", disse a fonte da empresa contactada pela Lusa.

A informação vai sensibilizar a população para evitar regar jardins e hortas, assim como para reduzir as lavagens de viaturas automóveis e de quintais. "Essas são as nossas principais preocupações, porque é onde notamos que há maior desperdício de água. São a rega de jardins e lavagem de espaços públicos, no caso das próprias câmaras, e a rega de hortas e jardins e lavagem de quintais e automóveis, no caso dos particulares", disse.

Em Julho, quase 79% de Portugal continental encontrava-se em situação de seca severa e extrema, com a situação a agravar-se no interior do Alentejo, segundo a mais recente estatística divulgada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), no início deste mês.

"O país está em seca", situação que abrange a área de atuação da AgdA, apesar de haver "uns municípios mais preocupantes do que outros", admitiu a fonte da empresa. "A situação é mais crítica nos municípios situados mais a sul e que têm localidades abastecidas só a partir de águas subterrâneas e no sistema da barragem do Monte da Rocha, que não tem ligação ao Alqueva" e que abastece Almodôvar, Ourique e Castro Verde, indicou.

"O que não invalida que não haja os mesmos cuidados de uso racional da água nos outros concelhos, porque, mesmo que hoje não seja preocupante, amanhã pode passar a ser. O uso racional da água tem de começar a ser cultural, as pessoas têm de ter esta preocupação no dia-a-dia, independentemente da seca", alertou.

Segundo dados fornecidos à Lusa pela AgdA, na sua área de actuação, localidades situadas em quatro concelhos alentejanos (Odemira, Ourique, Mértola e Arraiolos) estão a ser abastecidas por autotanque, devido à seca, num total de 1.771 pessoas.