Pedrógão Grande: população acompanhada na área da saúde mental aumentou 67%

Secretário de Estado da saúde garante reforço de médicos de família, enfermeiros, bem como fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e técnicos de serviços sociais nas zonas afectadas.

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Fernando Araújo: "Quando esta mediatização passar, vamos continuar no terreno a identificar problemas e respostas para os mesmos" Nuno Ferreira Santos

A população dos três concelhos mais afectados pelo incêndio de Pedrógão Grande que é acompanhada na área da saúde mental aumentou cerca de 67% após o fogo.

Antes do incêndio, cerca de 6% da população de Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande e Castanheira de Pera era acompanhada na área da saúde mental, sendo que a percentagem, após o fogo, subiu para cerca de 10% nos três concelhos, afirmou a coordenadora da unidade de saúde mental comunitária de Leiria Norte, Ana Araújo.

De acordo com o Censos de 2011, a população dos três concelhos é de cerca de 13 mil habitantes.

Segundo a médica psiquiatra, o número de consultas também "aumentou exponencialmente", sendo que em alguns concelhos se está a realizar o dobro do que era feito antes.

Em Julho, a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) registou 365 consultas de saúde mental, 163 de psicologia e 104 visitas domiciliárias, números que não distinguem os apoios dados às pessoas que já eram apoiadas antes do incêndio.

"O trabalho foi muito ampliado", notou a coordenadora da unidade, sublinhando que, se dantes se fazia um trabalho de "dois a três dias por semana", hoje a equipa está "todos os dias da semana" no terreno. Para além disso, realçou que as consultas estão a funcionar "por alargamento nos três centros de saúde", onde há psiquiatras em função das necessidades.

"A saúde mental é sempre uma questão muito importante quando surge uma catástrofe, por causa das perdas, dos lutos, da prevenção do trauma", vincou Ana Araújo, realçando que o trabalho nessa área está a ser desenvolvido "em conjunto com os cuidados primários de saúde para prevenir situações complicadas".

Reforço de médicos de família e enfermeiros

Nesta segunda-feira, o secretário de Estado adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, garantiu que está a ser feito um reforço na resposta na área da saúde, nos concelhos mais afectados pelo incêndio, sendo que alguns dos profissionais de saúde já chegaram e a contratação de outros já foi aprovada.

De acordo com o membro do Executivo, há reforço de médicos de família, enfermeiros, bem como fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e técnicos de serviços sociais.

Para o secretário de Estado, as equipas multidisciplinares que vão para a zona mais afectada têm de ficar na região "durante muito tempo", face aos problemas que poderão surgir nos próximos tempos.

"Temos uma população idosa com vários problemas de saúde, como diabetes, hipertensão, problemas respiratórios e cardíacos", cuja situação acabou por ser agravada com o incêndio, sendo que se tem de dar "uma resposta local a esses problemas para se evitar que [as pessoas] tenham de ir para grandes cidades para receber apoio", frisou.

Segundo o membro do Governo, o reforço é feito "à medida das necessidades".

"Quando esta mediatização passar, vamos continuar no terreno a identificar problemas e respostas para os mesmos", sublinhou, considerando que as equipas vão manter-se no local "durante o tempo necessário".

Para Fernando Araújo, a resposta na saúde mental "é o maior desafio".

O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de Junho, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos e só foi dado como extinto uma semana depois.

Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.

O fogo chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra e Penela.

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