A casa que José Roquete idealizou e Bruno de Carvalho concretizou

Na cerimónia de inauguração do Pavilhão João Rocha não marcou presença nenhum dos ex-presidentes dos "leões".

O exterior do Pavilhão João Rocha
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O exterior do Pavilhão João Rocha LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
A cerimónia de inauguração
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A cerimónia de inauguração LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
Jorge Jesus marcou presença no evento
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Jorge Jesus marcou presença no evento LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
O interior do novo pavilhão
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O interior do novo pavilhão LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
Bruno de Carvalho na cerimónia de inauguração
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Bruno de Carvalho na cerimónia de inauguração LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Depois de 13 anos de diáspora, as modalidades do Sporting voltaram a ter casa própria nas imediações do Estádio José Alvalade. O Pavilhão João Rocha foi esta quarta-feira inaugurado e completa o complexo desportivo idealizado pelo clube no final do século passado, em conjunto com o próprio estádio e com a Academia de Alcochete. A nova arena multidesportiva integrava o projecto que o presidente José Roquette deu nome, mas, ironicamente, acabou por ser uma realidade pela iniciativa do líder “leonino” que assumiu um corte drástico com o passado recente da história do clube - Bruno de Carvalho.

A lona verde não tapa por completo a estátua com um leão plantada numa rotunda nas imediações do Estádio José Alvalade. Um pouco mais à frente, surge um campo relvado de futebol 7 e, logo depois, um edifício composto por dois cubos sobrepostos, que dá forma ao Pavilhão João Rocha. Parece uma caixa. A uma hora da inauguração, o calor da tarde sufoca e são ainda poucos os adeptos presentes para assistirem ao acto solene da inauguração. Nos cafés das imediações assiste-se ao jogo da selecção nacional com a Rússia. No interior do edifício, ainda com as bancadas desertas, um batalhão de funcionários dá os últimos retoques para a cerimónia. A azáfama é grande e contrasta com a calmaria exterior.

Alheio à canícula, Augusto Albino, de 76 anos, circunda o pavilhão e arrasta atrás de si a esposa e a neta. Chegaram a Lisboa ao final da manhã vindos de São Jorge da Beira, uma freguesia do concelho da Covilhã. Vieram de táxi e ainda não sabe quanto lhe vai custar a despesa, mas encolhe os ombros e explica que não podia faltar a este momento histórico na vida do seu clube. Ficou eufórico quando recebeu o convite da direcção do Sporting, um dos mil destinados àqueles que contribuíram financeiramente para a “Missão Pavilhão”.

Em redor da pouco encoberta estátua do leão, vão-se juntando mais adeptos. Falta pouco para o presidente Bruno de Carvalho dar início às festividades na rotunda que passará a ser conhecida como Visconde de Alvalade. Os fundadores do Sporting estão bem representados neste espaço. Mas o presente do clube também não foi esquecido. Nas superfícies laterais da base que sustenta o leão, constam duas inscrições, com citações. Uma de José Alvalade, presidente fundador; outra de Bruno de Carvalho. Mas é o nome de João Rocha que ocupa o lugar de honra entre a linhagem de líderes sportinguistas e o exemplo que a actual direcção quer recuperar.

“O Bruno de Carvalho é o segundo João Rocha do Sporting”, comenta, visivelmente comovido, Carlos Manuel da Cruz, recordando que também o “saudoso” presidente, que comandou os destinos do emblema entre 1973 e 1986, construiu o seu pavilhão. Chamava-se Nave de Alvalade e perdurou por quase duas décadas, até ser demolida em Janeiro de 2004. “Estive também nessa inauguração e chorei vi as máquinas deitarem aquilo foi abaixo”. Com 74 anos, Carlos revive os tempos em que foi apanha-bolas no velho Estádio de Alvalade e convivia com as grandes estrelas do passado.

É interrompido pelas palmas e ovações que rebentam quando Bruno de Carvalho surge entre a pequena multidão. O presidente, que irá admitir mais tarde, no discurso de inauguração do pavilhão, estar a viver um dos dias mais felizes da sua vida, está perfeitamente à vontade entre os adeptos. Não se esquiva a um aperto de mão, é paciente com as selfies, sorri muito, como um político em arruada. O carinho é recíproco.

“É muito lindo. Parece um actor de Hollywood. Estou emocionada e arrepiada”, grita uma jovem fã, com uma t-shirt estampada com a banda de heavy-metal Iron Maiden, após beijar o presidente. A caminho do pavilhão, Bruno de Carvalho é abordado por outro adepto mais fervoroso. “Sou alentejano, mas sou verde”, grita, reforçando que não era do Benfica, nem comunista. Bruno responde com sorrisos. Circula-se pelo passeio da fama que circunda o pavilhão, com os nomes das grandes estrelas e feitos do clube no chão. Hilário, antiga glória do futebol sportinguista está em cima da sua a tirar fotografias.

O cortejo segue para o interior do Pavilhão João Rocha. A grande cerimónia começa. Entre os “notáveis” convidados não figura nenhum ex-presidente. “É devido ao nosso esforço que o Sporting continua a ser dos sportinguistas”, garante Bruno de Carvalho no seu discurso, que inclui algumas citações do poema “Mensagem” de Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” O presidente domina o palco.

 

 

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