Costa: “Tem de ser a última vez que passamos por um programa tão traumático”

"Não podemos voltar a perder o que hoje alcançámos", disse o primeiro-ministro em reacção à saída do Procedimento por Défice Excessivo. E não diz que não a Mário Centeno a presidir o Eurogrupo.

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O primeiro-ministro saiu de São Bento para o jardim para dizer aos portugueses que a saída do Procedimento por Défice Excessivo é um boa notícia que prova que o caminho que o Executivo está a seguir é o correcto e que é tempo de pensar “no médio prazo”, nos “desafios estruturais”.

Numa comunicação de poucos minutos, António Costa congratulou-se pela decisão da Comissão Europeia de recomendar a saída de Portugal do PDE, dizendo que é importante que seja “a última vez que passamos por um processo tão traumático”, referindo-se ao programa de ajustamento da troika.

Apesar de uma mensagem curta, Costa fez questão de dar resposta a Passos Coelho, dizendo que o actual Governo provou que é “possível respeitar a Constituição” enquanto “repõe rendimentos”. “Não recuperamos competitividade por via do empobrecimento colectivo. As reformas que estamos a fazer são outras e pedem continuidade e persistência”, frisou.

“Não podemos voltar a perder o que hoje alcançámos”, resumiu. Mas na mensagem havia também um recado à calma na euforia pelos bons resultados. Costa insistiu na ideia que se há bons resultados é porque o Governo está no bom caminho, mas que isto não é "o fim do caminho", mas sim um "ponto de viragem".

Quanto às negociações com a Comissão Europeia, o primeiro-ministro disse que a carta que o Ministério das Finanças mandou a Bruxelas mais não era do que o reafirmar dos compromissos estabelecidos no Pacto de Estabilidade e no Programa Nacional de Reformas. "Não há nenhuma nova medida, nem nenhuma nova garantia", afirmou, acrescentando que o Governo "tem de prosseguir com o programa de Governo".

E o programa do Governo vai agora virar-se para uma nova fase, revelou. "Temos motivos para estar satisfeitos. Agora é o tempo de nos focarmos numa visão de médio prazo que devemos prosseguir com estabilidade para vencermos os desafios estruturais". E parte dessa estratégia continuará a ser a redução do défice para permitir reduzir a dívida, disse.

Centeno no Eurogrupo? Não há candidatura, mas também não se rejeita

Já nas respostas aos jornalistas, o primeiro-ministro, ao contrário do que fez em Abril, não recusou a possibilidade de Mário Centeno vir a assumir a presidência do Eurogrupo, mas isso depende da vontade dos restantes países da zona euro, porque, garantiu, o ministro português não é candidato ao cargo. "Não apresentamos a candidatura, nem fugimos da responsabilidade", disse aos jornalistas.

Ainda na mesma resposta, reforçou a ideia que não há uma candidatura em cima da mesa: "Não somos candidatos a essa função, mas não a rejeitamos se ela se vier a colocar". Ora, em Março, António Costa tinha rejeitado este cenário. Mas esta manhã, numa entrevista à CNBC, Mário Centeno reabriu essa possibilidade.

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