A espera acabou: os Forest Swords estão de volta (e passarão por Portugal)

Engravings, álbum que expunha admiravelmente os fantasmas da existência moderna, elevou Forest Swords a um dos grandes destaques da música do nosso tempo. Quatro anos depois, anuncia-se novo álbum, Compassion, e uma digressão que passará por Braga e Lisboa.

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Não é que tenha estado parado nos últimos tempos – Matthew Barnes é demasiado irrequieto e tem demasiadas ideias e um impulso criativo demasiado forte para isso –, mas a verdade é que longa se estava a tornar a espera pelo sucessor de Engravings, o longa-duração de estreia, editado em 2013, que confirmou tudo o que fora prometido no EP Dagger Paths (2010). Pois bem, a espera acabou.

No início do mês foi revelado The highest flood, um novo single. Compassion, o novo álbum, chega dia 5 de Maio, pela Ninja Tune. E há uma digressão marcada e que, vamos ao que interessa, passará por Portugal nos dias 29 (GNRation, em Braga, 7 euros) e 30 de Novembro (ZDB, em Lisboa, 12 euros).

Assinando Forest Swords, o britânico nascido em Liverpool surpreendeu-nos com uma música negra e densa, uma electrónica híbrida criada dos despojos do dub, música habitada por fantasmas do passado nas vozes que surgiam, distorcidas, entre a neblina sonora. Música onde a dança surge despojada de euforia – movimento lento e misterioso, onde a angústia dos tempos modernos e a solidão nas grandes urbes procura um qualquer sentido de transcendência, procura fuga em algo de muito antigo, essencial (talvez por isso, os termos pscadelismo, drone e cósmico também tenham sido aplicados à sua música).

Engravings acabou 2013 como um dos álbuns mais celebrados do ano (incluindo no Ípsilon). O acolhimento recebido não pôs Barnes a trabalhar infatigavelmente num novo disco. Nos últimos anos, dedicou-se a alargar o seu raio de acção. Em 2015, colaborou com os Massive Attack e com os Young Fathers na curta-metragem La Fête (est finie), alerta para a questão do aquecimento global La Fête (est finie). No ano seguinte, lançou Shrine, banda-sonora para uma coreografia de dança da qual foi também director artístico.

Compassion, o novo álbum, terá vida marcada por estes interesses multidisciplinares (Barnes é também designer gráfico e fotógrafo). “Como muitos outros, com tudo o que tem acontecido desde que comecei a fazer o disco, lutei para ver qualquer tipo de luz no fim do túnel”, afirma Barnes no comunicado que anuncia o álbum. “Percebi que existe algum poder envolvido em, em vez disso, tentarmos criar a nossa própria luz”.

Cruzando as suas produções com gravações dos arranjos de voz e orquestrais compostos para o álbum e organizados de forma a que seja indistinguível o samplado do original e o antigo do moderno, Compassion reflecte, continua Barnes, um interesse crescente “nos efeitos que a web e os media têm na forma como julgamos aceitável comunicar uns com os outros no dia-a-dia”. Acrescenta: “Talvez as nossas estruturas de linguagem habituais não estejam a fazer justiça à complexidade das nossas emoções e identidade."

O álbum será acompanhado de uma série de retratos da primeira vaga de imigrantes que viajaram do porto de Liverpool para Nova Iorque. Toda a arte visual reflectirá o trabalho e os interesses de Matthew Barnes enquanto músico e designer. A espera acabou, por fim. Compassion está a chegar. 

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