António disse à GNR que matou quatro pessoas e ficou à espera em casa

Quatro pessoas mortalmente esfaqueadas na freguesia de Tamel, em Barcelos. O suspeito dos crimes ter-se-á procurado vingar face à actuação que vítimas terão tido relativamente a um caso de agressões em que foi condenado.

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Nélson Garrido
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Quatro pessoas, uma das quais uma mulher grávida de sete meses, foram mortalmente esfaqueadas na manhã desta sexta-feira, em Barcelos, na freguesia de Tamel (São Veríssimo). O suspeito do crime, que se entregou à GNR momentos depois, terá procurado vingar-se das vítimas, seus vizinhos, devido à actuação que estas terão tido relativamente a um processo em que foi condenado em Novembro de 2016. Terá jurado vingança. O homem, de 62 anos, já está na Polícia Judiciária de Braga.

Esta é uma das linhas de investigação que está a ser seguida, mas ainda se desconhece se as vítimas testemunharam contra ele ou se não foram sequer convocadas no processo como suas testemunhas abonatórias por, após lhes ter pedido, terem recusado fazê-lo.

António Adelino Briote foi condenado a uma pena suspensa de três anos e dois meses de prisão por agressões à filha e à ex-sogra, confirmou ao PÚBLICO fonte judicial. Os factos do processo que lhe valeram a condenação por ofensas à integridade física (e não por violência doméstica como chegou a ser noticiado) ocorreram em 2015, três anos após se ter separado da mulher. Agrediu então a filha e a ex-sogra com uma barra de ferro.

Do seu cadastro nada mais constará, apurou o PÚBLICO. Sabe apenas que o homem, que trabalhou no sector têxtil mas estará agora reformado depois de vários anos no desemprego, estava separado desde 2012. À separação ter-se-á seguido uma depressão aguda. Aliás, no ano passado António Briote esteve um mês e meio internado na ala de psiquiatria do Hospital de Braga. O médico que o acompanhava terá detectado um agudizar da depressão e decido o internamento. Saiu após o seu estado ter melhorado, adiantou fonte policial.

Vizinhos ouviram gritos

Na manhã desta sexta-feira, o alerta chegou à GNR pelas 10h. Os vizinhos de António Briote terão ouvido gritos e resolveram alertar a polícia. Quando os militares chegaram, encontraram um cenário de múltiplas vítimas que não esperavam. Na rua, estava prostrada uma mulher de 58 anos, degolada minutos antes. Numa casa próxima, um casal de idosos, ele com 84 anos e ela com 80, também estavam mortos, igualmente esfaqueados na zona do pescoço. Noutra habitação ao lado, uma mulher de 37 anos, grávida de sete meses também estava morta.

António Briote terá tocada à campainha destas duas habitações com uma faca de cozinha. Depois de ter alegadamente cometido os homicídios, caminhou alguns metros em direcção à sua casa, ligou à GNR e informou-os do que teria feito. E esperou que os militares chegassem. Quando os viu não terá hesitado: admitiu a autoria dos homicídios, mas não conseguiu explicar por que terá matado aquelas pessoas. Aliás, sublinhou várias vezes não se lembrar do fio condutor das suas acções. Tinha apenas algumas memórias cortadas do sucedido. Entregou na altura à GNR a faca que terá usado.

Ao PÚBLICO o tenente-coronel Vaz Lopes, da GNR, confirmou que as vítimas foram todas esfaqueadas na zona do pescoço. O casal e a mulher grávida dentro das respectivas casas e a terceira mulher na rua.

A Polícia Judiciária foi entretanto chamada ao local e começou a recolher depoimentos. Também os peritos do Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária recolheram diversos vestígios que podem vir a ser fundamentais no apuramento do que ali sucedeu.  

Vítimas e agressor eram vizinhos

Segundo a GNR, exceptuando o casal encontrado morto dentro de casa, as vítimas não tinham relações de parentesco entre si. Eram todos vizinhos do agressor.

O presidente da junta de freguesia, João Abreu, admitiu que as agressões tenham decorrido de um desejo de vingança. "Era uma pessoa de trato social pouco agradável", descreveu João Abreu, para acrescentar que o suspeito ficou "bastante afectado emocionalmente" pelo divórcio. 

José Dias, um morador da freguesia, confirmou que o suspeito estava separado da mulher. "Costumava vê-lo a circular pela rua e no campo de futebol. Nunca demonstrou este tipo de agressividade", disse, para acrescentar que a vítima mortal que estava grávida "era muito pacata". "O seu único azar foi morar perto do sujeito e ter testemunhado contra ele em tribunal", acrescentou. 

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