Número de idosos vítimas de crime aumenta 18% em três anos
A maioria dos processos de idosos que chegam à APAV diz respeito a agressões por parte dos filhos.
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou 2603 casos de pessoas idosas vítimas de crimes e violência doméstica entre 2013 e 2015. As mulheres continuam a ser as principais as que mais sofrem, correspondendo a mais de 80% (2093) dos casos. Do sexo masculino houve apenas 510 denúncias.
Durante o mesmo período houve um aumento de 18,1% do total de pessoas idosas vítimas de crime apoiadas pela APAV. Mas este aumento de casos registados “não reflecte a realidade – apenas apresentará a ponta do icebergue”, segundo um comunicado da associação enviado nesta quinta-feira.
A maioria dos processos que chegam à APAV com vítimas idosas envolvem pais e filhos: 37,7% dos crimes e agressões aos idosos são praticados pelos próprios filhos e 28,2% pelos cônjuges das vítimas.
Cerca de 50% das vítimas têm idades compreendidas entre os 65 e os 74 anos; a outra metade tem idades superiores a 75 anos. Contabilizando os dados dos últimos três anos, percebe-se que 43,9% das vítimas estavam casadas no momento do crime e 32,9% dos idosos encontravam-se inseridos em famílias nucleares com filhos.
A APAV contabiliza ainda no seu relatório um número de autores de crimes superior ao de vítimas: 2730. São na maioria homens (67,6%). Cerca de 40% dos criminosos eram casados e 23,4% encontravam-se reformados.
Segundo a APAV, 78,4% dos casos foram praticados de forma continuada e tiveram uma duração média de dois a seis anos (12,4%). A maioria dos crimes ocorreu em residência comum de vítimas e agressores (56,8%).
Relativamente ao tipo de crimes praticados, o mais comum é a violência doméstica, num total de 5072 casos (80,9%). Seguem-se os crimes contra a integridade física, a liberdade, a honra, a reserva da vida privada e a vida em sociedade das pessoas (que a APAV resume como crimes contra as pessoas), que totalizam 13,73%; e depois os crimes contra o património (4,60%).
O objectivo da APAV ao divulgar estes dados é o de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e para a necessidade de proteger e cuidar a população idosa, assinalando assim o Dia Internacional da Pessoa Idosa, celebrado a 1 de Outubro.
“O Instituto Nacional de Estatística prevê que, no ano de 2050, um terço da população portuguesa seja idosa e quase um milhão de pessoas tenha mais de 80 anos. A Organização Mundial de Saúde receia que este aumento, associado a uma certa quebra de laços entre as gerações e ao enfraquecimento dos sistemas de protecção social, venha a agravar as situações de violência”, sublinha o comunicado enviado pela associação.
Texto editado por Hugo Torres