Derrocada na praia Maria Luísa foi "três a quatro vezes" superior à de 2009
Há sete anos morreram cinco pessoas quando uma arriba se desmoronou naquela praia algarvia.
O desmoronamento que no domingo se registou na praia Maria Luísa, sem causar vítimas, teve uma dimensão três a quatro vezes superior ao ocorrido em 2009 e que matou cinco pessoas, naquela mesma praia, segundo a Agência do Ambiente.
De acordo com uma estimativa feita à agência Lusa pelo director regional da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Sebastião Teixeira, o peso do bloco que se desmoronou no domingo à tarde equivale a mil toneladas, embora os cálculos definitivos ainda não estejam feitos.
"Em termos de frente, foi três a quatro vezes superior ao acidente de 2009", afirmou o responsável, indicando que o volume dos destroços decorrentes do acidente de 2009 tinha sido de 140 metros cúbicos, enquanto agora foi de 400 metros cúbicos.
As arribas da praia Maria Luísa têm uma altura média de 12 metros e o leixão que desmoronou em 2009 tinha "cerca de um terço do tamanho", acrescentou.
O incidente de domingo ocorreu na zona poente da praia, exactamente no extremo oposto do local onde, a 21 de agosto de 2009, cinco pessoas morreram soterradas.
O acesso à praia foi restabelecido logo após terem terminado as operações, ao início da madrugada de hoje, e durante a baixa-mar estiveram na praia técnicos da APA a fotografar as arribas, imagens que serão depois observadas para analisar a eventual existência de fissuras.
Com a ajuda de três retroescavadoras, foi formada uma cintura de escombros na base das arribas contíguas que o mar deverá "remover e incorporar como areia da praia", possivelmente durante o Inverno, acrescentou Sebastião Teixeira.
A colocação dos detritos na base das arribas é uma prática comum sempre que há uma derrocada ou um desmonte controlado, uma medida que visa dissuadir da permanência de pessoas na base das arribas, concluiu.
Em declarações à Lusa, o comandante da capitania do porto de Portimão lembrou que nas praias do Algarve não existe qualquer zona interditada a banhistas, o que significa que as autoridades não podem impedir a permanência nas zonas de risco.
As zonas de risco estão identificadas com fotografias e avisos colocados à entrada de cada praia, informando os locais seguros que podem ser utilizados pelos veraneantes, mas mesmo assim as pessoas continuam a ignorar os alertas.
"As instruções que nós damos à Polícia Marítima e aos nadadores-salvadores é para que alertem as pessoas para o perigo, mas muitas nem sequer saem dos locais, enquanto outras saem, mas voltam assim que eles viram costas", lamentou Rui Santos Pereira.
A sua percepção é a de que "pouco ou nada mudou no comportamento dos banhistas" desde o acidente de 2009, mas, observou, talvez o incidente de domingo possa ter ajudado a alertar os banhistas para os perigos de permanecer sob as arribas.
A área de segurança é calculada consoante a altura da arriba, devendo ser considerada uma distância de uma vez e meia a altura da arriba.