CTG vem a Lisboa lembrar que cumpriu o prometido na privatização da EDP

CTG não vai diminuir posição na EDP, mas ainda não sabe se reforça. Tema da CESE está a ser acompanhado “com atenção”, diz o vice-presidente da empresa chinesa.

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O apoio da CTG em 2012 foi "muito importante" para a EDP, mas também para o país, defendeu António Mexia Daniel Rocha

A EDP e a China Three Gorges (CTG) assinaram esta sexta-feira um novo memorando de entendimento para reforçar a parceria estratégica entre as duas empresas. Quatro anos depois dos chineses se terem convertido nos maiores accionistas da EDP, e num momento em que temas como a contribuição extraordinária sobre o sector energético (CESE) e o financiamento da tarifa social de electricidade voltam a estar na ordem do dia, as duas empresas quiseram deixar claro que “a CTG fez aquilo a que se comprometeu” na privatização.

Segundo António Mexia, a empresa já investiu 1400 milhões de euros dos dois mil milhões com que se tinha comprometido (na compra de participações minoritárias em activos da EDP e na realização de empreendimentos conjuntos) e os restantes 600 milhões já têm destino. Irão “essencialmente para parques [eólicos] em Itália e na Polónia, e eventualmente na Península Ibérica, e para projectos offshore em França e Inglaterra”, segundo revelou o presidente da EDP, António Mexia, no final do encontro.

Mexia não quis quantificar quanto poderá representar a nova fase de investimentos conjuntos, mas sublinhou que o acordo incide sobre o “interesse conjunto no desenvolvimento dos projectos offshore e no mercado brasileiro, onde a CTG, graças ao apoio inicial da EDP, é hoje o segundo maior operador privado”.

Na cerimónia de assinatura, o presidente da EDP também fez questão de frisar que o apoio da CTG, em 2012, foi “muito importante” para a empresa, e para o país, quando ambos se deparavam com “os mercados fechados”. A EDP conseguiu “ganhar músculo” e Portugal conseguiu atrair outros investidores estrangeiros “com uma visão de longo prazo”. A relação entre a EDP e a CTG é, por isso, uma relação que transcende o nível empresarial, e que diz muito da “relação entre os dois países”, frisaram Mexia e o presidente da CTG.

Agora que terminou o período de bloqueio e que a CTG já pode comprar e vender acções da EDP, o que vão os chineses fazer? “O que temos a certeza é que não vamos reduzir”, frisou, à margem do encontro, o vice-presidente da eléctrica chinesa, Lin Chixue. Mas o reforço da posição dependerá “daquilo que será o futuro” da EDP e da “reacção da sociedade portuguesa” ao investimento da CTG, disse o gestor chinês.

Aliás, “o futuro e o desenvolvimento da EDP” serão temas a tratar nas reuniões agendadas com o Presidente da República e com o primeiro-ministro português, admitiu Chixue. O gestor reconheceu que a CTG está “a acompanhar com atenção o desenvolvimento” do tema CESE, que a EDP espera que acabe em 2020 e que se reduza face aos valores actuais (em três anos a EDP pagou 180 milhões de euros).

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