Cinco prisioneiros transferidos de Guantánamo

Emirados Árabes Unidos acolhem os prisioneiros iemenitas colaborando com os derradeiros esforços de Obama para encerrar a prisão antes de abandonar a Casa Branca.

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Os prisioneiros são detidos em Guantánamo por tempo indeterminado e na maioria dos casos não existe acusação Stringer/REUTERS

O Pentágono anunciou a transferência de cinco prisioneiros em Guantánamo para os Emirados Árabes Unidos. Capturados por forças afegãs e paquistanesas em 2001, na sequência do 11 de Setembro e da invasão do Afeganistão, os detidos foram entregues aos norte-americanos e encarcerados na prisão militar de Cuba por suspeitas de ligação à Al-Qaeda.

Adil Said al-Busayss, de 42 anos, Khalid Abd al-Qadasi, de 46, Ali Ahmad Muhammad al-Rahizi, de 36, Sulaiman al-Nahdi, de 40, e Fahmi al-Sani de 38 estavam na lista dos “indefinidos” que não chegaram a ser acusados, mas continuaram em Guantánamo por serem considerados um risco de segurança. Quatro tinham sido referenciados para transferência em 2009, e Rahizi, um escritor iemenita, foi incluído no grupo o ano passado.

Apesar de os cinco serem cidadãos do Iémen, o actual conflito no país levou a Administração de Barack Obama a negociar a transferência com os Emirados Árabes Unidos, que aceitaram pela primeira vez acolher prisioneiros externos. A maioria dos ainda detidos em Cuba são de nacionalidade iemenita, mas Washington sempre temeu enviá-los de regresso a casa com receio dos grupos radicais que ali actuam.

“Os Estados Unidos agradecem ao Governo dos Emirados Árabes Unidos pela disponibilidade e o apoio aos esforços para encerrar a prisão militar de Guantánamo. Ambos os países se coordenaram para que a transferências ocorressem em segurança e garantindo o respeito pelos direitos humanos”, lê-se no comunicado do Departamento de Defesa norte-americano.

Seis agências e departamentos federais que compõem o Gabinete Provisório de Revisão de Guantánamo (GPRB) concluíram em unanimidade que estavam reunidas as condições para a transferência. Depois de meses de avaliações, o secretário da Defesa, Ashton Carter, que aprovou 15 transferências desde que assumiu o cargo, informou o Congresso da sua determinação em transferir estes prisioneiros, que “deixaram de representar uma ameaça à segurança dos Estados Unidos”.

Restam agora 107 prisioneiros numa prisão que chegou a acolher mais de 800 – a maioria nunca foi acusada de nenhum crime e a ONU e as principais organizações de direitos humanos internacionais sempre pediram a sua libertação. Segundo o jornal The Washington Post, 48 dos reclusos podem ser repatriados ou acolhidos por um terceiro país.

Em 2009, Obama chegou ao poder com a promessa de encerrar a prisão militar no topo das suas prioridades. Mas, a pouco mais de um ano de novas eleições presidenciais, Guantánamo continua activa. Durante os seus dois mandatos, o número de prisioneiros reduziu para cerca de metade, mas o Congresso nunca aprovou o desmantelamento da prisão.

A Casa Branca anunciou em Julho estar a trabalhar num novo plano para fechar o centro de detenção, que incluía a transferência de prisioneiros que não estão à espera de repatriação para cadeias norte-americanas. É esperada a sua divulgação em breve, num último esforço do Presidente para cumprir a agenda.

Texto Editado por Sofia Lorena

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