O filme de 2015 continua a ser bom para o cinema em Portugal: mais espectadores e receitas

Nos primeiros dez meses do ano venderam-se mais bilhetes e há um filme português no pódio. A Nos celebra “o melhor trimestre de sempre”, mas uma sala de Lisboa pode fechar.

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Os três filmes mais vistos em Portugal foram Mínimos, Velocidade Furiosa 7 e O Pátio das Cantigas DR

A tendência de subida de 2015 nos cinemas portugueses continua – até ao final de Outubro, as idas ao cinema representaram 60,2 milhões de euros de receita bruta, mais 10,7 milhões do que no período homólogo de 2014, e foram comprados mais 2,1 milhões de bilhetes do que nos primeiros dez meses do ano passado. No ano de Mínimos e O Pátio das Cantigas, a Nos celebra “o melhor trimestre de sempre” na exibição e na distribuição e uma sala de Lisboa prepara-se para fechar.

O Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) divulgou esta quarta-feira os números do consumo de cinema em Portugal, destacando que até Outubro a receita bruta nas bilheteiras cresceu 21,8% e o número de espectadores em sala aumentou 23% em relação ao mesmo período de 2014 – 11,7 milhões de bilhetes vendidos contra os 9,5 milhões do ano passado.

A apenas dois meses do final do ano e com alguns potenciais blockbusters por estrear (já dia 19 The Hunger Games: A Revolta Parte 2 e, a 17 de Dezembro Star Wars: O Despertar da Força, por exemplo) e outros já a fazer receitas de monta desde o início de Novembro – o novo 007, Spectre, já acumulou 762 mil euros que não entram nesta estatística a dez meses do ICA -, tudo indica que este mês sejam atingidos ou mesmo ultrapassados os números conseguidos no total de 2014. Que foi o pior ano em mais de uma década para o negócio do cinema em Portugal.

Os filmes mais vistos deste ano continuam a ser a animação de Mínimos, com mais de 934 mil espectadores desde a estreia no final de Julho, as despedidas de Velocidade Furiosa 7, com 832 mil espectadores desde Fevereiro, e o filme português mais visto nos últimos 40 anos, O Pátio das Cantigas, fecha o pódio com mais de 603 mil espectadores e receitas de 3 milhões de euros.

Entre os filmes portugueses, o imbatível remake de Leonel Vieira é seguido de longe por Capitão Falcão (27 mil espectadores) e pelo primeiro volume da trilogia de Miguel Gomes As Mil e Uma Noites: Volume 1, o Inquieto (17,7 mil espectadores). O candidato a nomeação para o Óscar de Filme Estrangeiro, As Mil e Uma Noites: Volume 2, o Desolado, surge em 5.º lugar (8 mil espectadores), separado do seu primeiro tomo pelo 4.º filme português mais popular, Vontade de Vencer, de André Banza.

O organismo público destaca ainda que no sector continua a concentração em dois grandes distribuidores, a Nos Lusomundo Audiovisuais e a Big Picture 2 Films, que dominam 91% da quota de mercado. Já entre os exibidores, são quatro as empresas dominantes: Nos Lusomundo Cinemas, UCI, Orient Cineplace e NCL – Cinema City. Em ambos os sectores, a Nos é o player com maior peso: na distribuição, obteve 45,7 milhões de euros da receita bruta (mais 56,3% do que no mesmo período em 2014), estreando 125 filmes contra os 137 de 2014; na exibição, com os seus 215 ecrãs (a Orient Cineplace, o segundo maior exibidor, tem 60), vendeu para as salas - em que existe o programa “dois bilhetes por um” para os clientes Nos Comunicações - 7,1 milhões de ingressos e acumulou receitas de 37,4 milhões de euros.

São estes números que, na apresentação de resultados do terceiro trimestre da Nos, levaram a empresa a sublinhar que teve “o melhor trimestre de sempre” no “negócio de cinema e audiovisuais”, atribuindo o motivo do crescimento ao “forte desempenho dos filmes exibidos e distribuídos” e ao “aumento das vendas de bilhetes em 39,1% face ao trimestre homólogo de 2014”.

Num mercado em que, segundo os dados do ICA, o maior número de salas continua a concentrar-se em Lisboa (189 dos 535 ecrãs de todo o país), um dos mais jovens nomes no sector, a GreatCinema, que em Dezembro de 2013 reabriu duas das salas do centro comercial Saldanha Residence ameaça encerrar a sua operação no final do ano. Francisco Serranito, CEO da GreatCinema e durante anos trabalhou na área do transporte de cópias de filmes, disse terça-feira ao Diário de Notícias: “Vamos fechar no final do ano, a não ser que aconteça um milagre”.

Referia-se à única sala em funcionamento desde que terminou o patrocínio do segundo ecrã do @Cinema por uma marca de telecomunicações, sendo que, segundo informou o ICA ao PÚBLICO, a GreatCinema recebeu, desde a sua abertura a 12 de Dezembro de 2013 e até 31 de Outubro último, 30.217 espectadores nas suas salas. Ali praticavam-se bilhetes a quatro euros e, mais recentemente, a cinco euros. Ao DN, o responsável, que o PÚBLICO tentou contactar sem sucesso, queixava-se de dificuldades em operar no mercado - “há distribuidoras que não nos dão filmes” - e admitia que a afluência de espectadores, que não detalhava, “ficou muito, muito aquém do esperado”.

Os dados do ICA compilam ainda que foram concluídas nos primeiros dez meses de 2015 23 obras de ficção, dez documentários e quatro filmes de animação com apoios públicos à produção de cinema – o total de 37 “representa um crescimento superior a 76% (16 obras) face ao período homólogo do ano anterior”. 

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