O segredo de Marlen Khutsiev revelado
Integral do cineasta georgiano até dia 20 na Cinemateca, em Lisboa.
É sob o genérico Um Segredo do Cinema Moderno que a Cinemateca Portuguesa recebe uma retrospectiva integral do cineasta georgiano Marlen Khutsiev. A partir desta terça-feira, dia 10, e até dia 20 de Novembro, a instituição da Barata Salgueiro debruça-se sobre a carreira deste realizador que iniciou carreira ainda nos tempos da URSS, contemporâneo de gente como Otar Iosseliani, Elem Klimov ou Larissa Shepitko mas que só nos últimos anos tem obtido o reconhecimento internacional merecido, sobretudo através de uma homenagem alargada realizada este ano pelo Festival de Locarno.
Khutsiev, actualmente com 90 anos e ainda em actividade, estará em Portugal para acompanhar esta integral, que sucede a um primeiro ciclo que decorreu em 2014 no Lisbon & Estoril Film Festival, e apresentará a abertura oficial, na noite de terça-feira, com a projecção de Os Dois Fedors (1958). Trata-se da segunda das apenas sete longas que realizou numa carreira que já ultrapassou o meio século, nenhuma das quais teve estreia comercial no nosso país. Khutsiev apresentará igualmente várias sessões da retrospectiva, e estará presente num debate com o público no próximo dia 20 às 19h.
De salientar a exibição no ciclo daquela que é considerada uma das obras mais importantes da cinematografia soviética do século XX: A Porta de Illych, filme que Khutsiev teve de retrabalhar a contragosto depois de críticas violentas das autoridades russas e sobretudo do premier Nikita Khruschev aquando da sua conclusão em 1962. A Cinemateca mostrará as duas montagens posteriores: a primeira em 1965, Tenho Vinte Anos, que chegou a ser premiada em Veneza, e a segunda em 1988, que o cineasta considera a mais próxima do projecto original e retoma o título inicial, A Porta de Illych.
Serão ainda mostrados Primavera na Rua Zarechnaia (1956), Chuva de Julho (1967), talvez o seu filme mais aclamado, Foi em Maio (1970), realizado para a televisão e que Khutsiev considera o seu preferido da sua obra, Posfácio (1983) e Infinitas (1991). O ciclo completa-se com um excerto de Ainda Não É Noite, um work in progress no qual o cineasta trabalha há oito anos; o documentário de 2003 Gente de 1941, que realizou para a televisão; e o filme de Mikhail Romm E Ainda Acredito (1971), terminado por Khutsiev e Elem Klimov após a morte do realizador, que havia sido seu professor. Os filmes serão exibidos em cópias de 35mm (à excepção de Infinitas e Gente de 1941) e o calendário das sessões pode ser consultado em www.cinemateca.pt .