PSD condena linguagem usada pelo PS contra Cavaco
Fernando Negrão apela ao voto em si próprio na reunião das bancadas do PSD e CDS.
Os dirigentes social-democratas desdobraram-se esta sexta-feira de manhã em declarações a condenar as reacções, sobretudo do PS, à comunicação de Cavaco Silva a indigitar Passos Coelho como primeiro-ministro e a afastar uma solução governativa de esquerda.
“São inaceitáveis os termos em que se referiram ao Presidente da República”, afirmou o vice-presidente do PSD, José Matos Correia, lembrando que Cavaco Silva cumpriu as suas “obrigações constitucionais”. A declaração visava sobretudo o deputado socialista João Galamba, mas também as forças à esquerda. Matos Correia assumiu, em nome dos grupos parlamentares do PSD e do CDS, a “perplexidade” com as declarações da “extrema-esquerda” e de deputados de outros partidos em torno da decisão de Cavaco Silva. “No debate político não vale tudo”, rematou.
As reacções dos partidos à esquerda mereceu também, por duas vezes, a condenação do líder parlamentar social-democrata. “Ouvir deputados da Assembleia da República com elevadas responsabilidades, nomeadamente no PS, referirem-se ao senhor Presidente da República como um golpista é estar muito abaixo daquilo que é exercício digno e prestigiado da função parlamentar e da função política”, afirmou Luís Montenegro. "Esse extremar de posições, essa linguagem não contribui para dar confiança ao país, para dar confiança aos agentes económicos, para dar confiança aos cidadãos", acrescentou.
Os dirigentes falavam aos jornalistas à margem da reunião das bancadas do PSD e do CDS, em que o candidato da coligação à presidência da Assembleia da República fez um apelo ao voto. Fernando Negrão quis assegurar que todos os parlamentares o escolhem esta tarde para presidir ao Parlamento e disse mesmo que se tivesse que votar num colega de que não gostasse o faria. As direcções das duas bancadas tentam assegurar a eleição de Fernando Negrão contra Ferro Rodrigues, mas ao que o PÚBLICO apurou o nome do social-democrata não é consensual na sua bancada.
Durante a reunião, que decorreu à porta fechada na sala do Senado, o vice-presidente do PSD, Marco António Costa, defendeu que a coligação é que está na linha certa na interpretação dos resultados eleitorais de 4 de Outubro.