Cinco anos de prisão no caso Face Oculta por traficar influências

Armando Vara ainda aguarda o resultado de um recurso em que contestou a condenação por ter recebido 25 mil euros de Manuel Godinho para influenciar as decisões do então ministro Mário Lino e Ana Paula Vitorino.

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O ex-ministro do PS Armando Vara foi condenado a cinco anos de prisão efectiva e aguarda decisão de recurso interposto no ano passado Adriano Miranda

O antigo ministro Armando Vara aguarda neste momento o resultado do recurso que interpôs no Tribunal da Relação do Porto, a contestar a condenação, em Setembro do ano passado, a cinco anos de prisão efectiva. A pena foi decretada pelo Tribunal de Aveiro no âmbito do processo Face Oculta, no qual Armando Vara estava acusado de três crimes de tráfico de influência que o colectivo de juízes que julgou o caso considerou terem ficado provados. À saída do tribunal, após o anúncio da decisão, Armando Vara disse estar em "choque".

O colectivo deu como provado que Vara recebeu 25 mil euros do empresário das sucatas Manuel Godinho para exercer a sua influência junto de titulares de cargos políticos e governativos para conseguir as pretensões do empresário de Ovar. No centro da intervenção de Vara estava a resolução de um diferendo antigo que Godinho mantinha com a Refer, a empresa que gere as infra-estruturas ferroviárias nacional, devido ao alegado roubo de carris num caso conhecido como Carril Dourado.

Manuel Godinho considerava que era prejudicado pelo então presidente da Refer, Luís Pardal, tendo Vara e um outro arguido, também seu amigo, Lopes Barreira, promovido contactos com o então ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, no sentido de o persuadir da bondade das pretensões de Manuel Godinho e da necessidade de Luís Pardal e da secretária de Estado que o tutelava, Ana Paula Vitorino, serem destituídos dos cargos que ocupavam. "Sendo Armando Vara e Lopes Barreira ‘pessoas importantes’ do PS, a sua intervenção junto de Ana Paula Vitorino, de forma directa ou indirecta, com o fim de obter decisões ilícitas favoráveis a Manuel Godinho representa um ‘abuso’ da capacidade de influência que a condição de ‘pessoas importantes’ no Partido Socialista lhe conferia”, lê-se no acórdão que condenou Vara.

As escutas das conversas de Vara permitiram aos investigadores registar Lino a comunicar ao antigo ministro socialista que ordenara a Luís Pardal que se reunisse com Manuel Godinho com vista à resolução do diferendo que opunha a Refer à sua principal empresa, a O2.

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