A luz dos Jardins Efémeros

Viseu vai ser uma cidade com luz entre 3 e 12 de Julho e não é apenas pelo computador de Holly Herndon. Atenção ao piano de Lubomyr Melnyr ou às fitas magnéticas dos ingleses Howlround.

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Ao longo dos anos Lubomyr Melnyk compôs mais de 120 peças, a maior parte para piano solo Fabio Lugaro

Começa esta sexta, 3 de Julho, e vai até 12 de Julho, na próxima semana. É a 5ª edição dos Jardins Efémeros, evento multidisciplinar que acontece em Viseu e que já criou um culto alargado.

A edição deste ano tem como mote A Luz da Cidade e a programação contempla instalações, performances, concertos, cinema, teatro, dança, exposições, oficinas, conferências ou mercados, tudo a acontecer no centro histórico da cidade.

No campo da música, para lá de Holly Herndon, haverá muitos focos de interesse, como o enigmático compositor e pianista ucraniano Lubomyr Melnyk, conhecido pela técnica vertiginosa, com movimentos contínuos e rápidos ao piano, da qual resulta uma sonoridade hipnótica e encantatória. Ao longo dos anos compôs mais de 120 peças, a maior parte para piano solo.

No campo das electrónicas exploratórias atenções viradas para a dinamarquesa Puce Mary, procurando os pontos de convergência entre a música industrial e o ruido mais experimental ou para os Howlround do inglês Robin The Fog, que também apresentará uma instalação, capazes de criarem paisagens sonoras a partir da manipulação de sons acústicos reproduzidos de forma circular em fita magnética.

Da performer italiana de electroacústica Caterina Barbieri esperam-se arquitecturas austeras entre o ruído, o minimalismo e o tecno, enquanto a sueca Quitland revelará a sua sonoridade electrónica envolta em ambientes cinematográficos. 

Uma viagem sonora à volta de regiões pouco exploradas da Rota da Seda é aquilo que tem para propor o projecto Trans-Aeolian Transmission, enquanto os ingleses Pye Corner & Not Waving prometem uma sessão mais próxima dos cânones electrónicos ocidentalizados. Os psicadélicos Gala Drop, os percussivos HHY & The Macumbas, o acústico Tó Trips, os foliões Tochapestana e os electrizantes DJ Maboku e Puto Anderson da editora Príncipe, são alguns dos nomes portugueses que irão entrar também em acção. 

No campo das artes visuais destaque para a exposição colectiva Moderno & Medieval Camuflado, no Museu Grão Vasco, com curadoria de Miguel Von Hafe Pérez, reunindo artistas como Álvaro Lapa, Cesariny, Cabrita Reis, Ângelo Sousa, Helena Almeida e Susanne Themlitz ou o arquitecto Eduardo Souto Moura. 

Exposições individuais de Luísa Soares, de Paula Magalhães e Nicolau Tudela ou instalações de José Cruzio, Anita Ackermann ou de Pedro Tudela, que ocorrerão nos diversos e muitos deles surpreendentes espaços da cidade, estão também programadas.

Entre as muitas outras actividades previstas, haverá também um ciclo de cinema, intitulado Imagem: paradigma de Transparência e Opacidade, a realizar-se ao ar livre na praça D. Duarte, com filmes de Antonioni, Derek Jarman, Jarmusch ou Chris Marker, e debates com artistas como Rui Calçada Bastos e Susana Mendes Silva. Mais informações em www.jardinsefemeros.com.

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