Tsipras preparado para assumir "compromissos difíceis" com os credores

Primeiro-ministro grego quer assegurar um acordo com os credores, mas mantém que a dívida deve ser parcialmente perdoada - uma cláusula que a Alemanha não aceitou até agora.

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Alexis Tsipras não abdica do perdão parcial da dívida grega LOUISA GOULIAMAKI/AFP

Segundo o porta-voz do Governo de Atenas, a contra-proposta assenta num ponto que o primeiro-ministro considera essencial para esse "acordo viável": o perdão parcial da dívida grega, quase toda nas mãos da Alemanha que, até agora, rejeitou qualquer perdão.

"O Governo procura uma solução que inclua um perdão da dívida, a redução das metas de excedente orçamental, que não haja cortes nos salários e pensões, um pacote de investimentos e o relançamento da economia", disse ao jornal Agora o porta-voz do Governo, Gabriel Sakellaridis.

"Se chegarmos a um acordo viável, mesmo que o compromisso seja difícil, vamos enfrentar este desafio porque o nosso único critério é a saída da crise e o fim da submissão a programas de resgate", disse o primeiro-ministro aos enviados. Já neste sábado, e segundo o jornal Ekathimerini, enviou uma nota escrita a todos os seus ministros a avisar que não está disposto a convocar eleições antecipadas, ou a referendar a presença grega nas instituições europeias, se ficar claro que ainda existe uma possibilidade de um acordo se materializar.

A proposta que Tsipras mandou para Bruxelas, explicavam os analistas gregos, visava quebrar o impasse num processo negocial que ameaça a permanência do país na zona euro e pode levar ao incumprimento — dentro de dias, a 30 de Junho, a Grécia terá que pagar 1,6 mil milhões de euros ao FMI mas, para o fazer, precisa de receber do FMI e UE 7, 2 mil milhões, a última fatia de um empréstimo negociado em 2012, por outro governo (Tsipras venceu as eleições em Janeiro com um programa anti-austeridade). Para receber esse dinheiro, Atenas tem de se comprometer com um conjunto de reformas e de medidas de austeridade determinadas pelos credores.

Tsipras admitiu aos enviados e aos ministros que continua a ser difícil as partes chegarem a um acordo, mas acrescentou: "Se isso abrir caminho para a Grécia sair da crise, afastando os termos do resgate, é dever do Governo assiná-lo". Quer o primeiro-ministro grego quer os credores desejam um entendimento até quinta-feira, quando se realiza a próxima reunião dos ministros do Eurogrupo.

Segundo a Reuters, a resposta que Bruxelas deu à contra-proposta de Tsipras é aguardada com grande expectativa pelo Syriza, o partido de Tsipras (um conjunto de formações políticas de esquerda com posições distintas sobre o rumo das negociações). As fontes ouvidas pela agência noticiosa referiram que a sua reacção vai depender do ponto que consideram mais importante, a aceitação do perdão parcial da dívida. "A reacção do partido vai depender de um possível acordo que inclua a questão da dívida. Mas não basta haver uma referência vaga ao assunto. Os termos têm de estar no documento, com um calendário definido e com os passos que têm de ser dados bem claros", disse um membro do Syriza que pediu anonimato.

"Vamos ter acordo", disse neste sábado o ministro adjunto das Finanças, Dimitris Mardas, considerando que a ida da delegação a Bruxelas já foi um sinal de que o processo está no caminho certo. O grupo, chefiado pelo negociador chefe grego Ioannis Dragassakis, começou ao início da tarde uma reunião que em Atenas se considera crucial com representantes do FMI, do Banco Central Europeu e do MES, uma empresa europeia de gestão de crises financeiras.
 

   

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