Carros sem condutor do Google tiveram 11 acidentes em seis anos
Balanço avançado por director do projecto do motor de busca conclui que em todos os casos os acidentes tiveram origem nos condutores dos outros veículos.
Os números revelados ao final de segunda-feira são avançados pelo director do programa de carros sem condutor do motor de busca, Chris Urmson, e surgem depois de a agência AP ter avançado que, desde Setembro do ano passado, viaturas do Google estiveram envolvidas em três acidentes na Califórnia, sendo que em dois dos casos a viatura circulava em modo automático e em todos os casos os veículos circulavam a menos de 20km/h.
Além destes três acidentes, um quarto com uma viatura da Delphi, que tem dois carros sem condutor em testes, foi também registado, em Outubro. Na investigação, a AP procurou saber em quantos acidentes estiveram envolvidas as 48 viaturas que se encontram em teste nas estradas da Califórnia, depois de aquele estado norte-americano se ter recusado em tornar público o número.
A Delphi confirmou à agência que uma das suas viaturas, um Audi SQ5, esteve envolvida num acidente, mas que a culpa tinha sido do condutor da outra viatura. O Google manteve-se em silêncio, o que levantou críticas por parte de organizações como a Consumer Watchdog, semelhante à portuguesa Deco. A organização lamenta que empresas com programas de carros sem condutor mantenham escondidos os resultados das suas tecnologias quando postas em prática, neste caso em termos de segurança rodoviária.
À AP, outras cinco empresas com projectos semelhantes ao da Delphi e da Google acabaram por indicar que não tinham registo de acidentes com as suas viaturas.
Após ter sido publicado o texto da AP, Chris Urmson adiantou num post no blog BackChannel que nos mais de 2,7 milhões de quilómetros percorridos pelos 23 Lexus SUV envolvidos no projecto da empresa – cerca de 1,6 milhões percorridos com a viatura em modo automático e os outros 1,1 milhões com alguém ao volante - foram registados 11 acidentes, dos quais resultaram pequenos danos nas viaturas envolvidas. Durante esses milhares de quilómetros de condução sem condutor ou com condutores ao volante (o Google não especifica em que situação os carros circulavam na altura dos sinistros), “nem uma única vez foi o carro sem condutor a provocar o acidente”, escreve Urmson.
Nos seis anos de programa, os carros do Google foram atingidos sete vezes na parte de trás, na maioria dos casos junto a semáforos mas também em auto-estradas. As viaturas sofreram toques de lado em pelo menos duas ocasiões e um dos veículos sem condutor sofreu o embate de um outro carro que não parou num sinal de Stop. Dos 11 acidentes, oito foram registados em situações de trânsito em centros urbanos.
“Todas as experiências malucas que tivemos na estrada foram muito valiosas para o nosso projecto. Temos um processo de revisão detalhado e tentamos aprender algo em cada acidente, mesmo que a culpa não tenha sido nossa”, afirma Urmson no seu post.
Contas feitas pelo Wall Street Journal apontam que 11 acidentes em 2,7 milhões de quilómetros equivalem a uma média de 0,65 acidentes em cada 160 mil quilómetros. Segundo a National Highway Traffic Safety Administration, organismo que analisa a segurança rodoviária nas estradas norte-americanas, em 2013, ocorreu uma média de 0,3 acidentes dos quais resultaram apenas danos materiais em cada 160 mil quilómetros percorridos, uma média inferior à atribuída aos carros do motor de busca.
O Google diz que no âmbito do seu projecto identificou padrões de comportamento dos condutores que são “os principais indicadores de colisões significativas” e que “esses comportamentos não surgem nas estatísticas oficiais mas criam situações perigosas para todos”.
O Google realça que o balanço agora avançado vem reforçar que a empresa está no bom caminho para garantir que a tecnologia que coloca nos seus carros torna a condução mais segura, tudo devido aos sensores, combinados com software, que integram as viaturas e que lhes dá mais hipóteses de evitarem acidentes de uma forma mais eficaz do que se estiver alguém sentado ao volante.