Nick Clegg demite-se após derrota “catastrófica” dos Liberais Democratas
Espera-se que os Liberais Democratas consigam apenas oito deputados, frente aos 57 que elegeram em 2010.
O vice-primeiro-ministro venceu a reeleição para deputado, em Sheffield Hallam, mas foi dos poucos do seu partido a fazê-lo. Dos 57 deputados que os Liberais conseguiram eleger em 2010, apenas oito conseguiram obter um mandato nestas eleições.
Os Conservadores conseguiram uma inesperada maioria absoluta e, com 330 deputados em Westminster, David Cameron não precisará de partilhar o poder com os Liberais Democratas, com quem governou ao longo dos últimos cinco anos.
Foi a derrota do liberalismo e a vitória do nacionalismo, disse Clegg na manhã desta sexta-feira: “O medo e o ressentimento venceram. O liberalismo perdeu.” “É uma hora negra para o nosso partido, mas não podemos e não vamos permitir que a decência dos valores liberais seja extinguida numa só noite”, disse ainda o agora ex-líder dos Liberais Democratas.
Nick Clegg é um dos três grandes derrotados das surpreendentes eleições britânicas de quinta-feira, ao lado de Nigel Farage, do nacionalista UKIP, e Ed Milliband, do Partido Trabalhista. Os três apresentaram em menos de uma hora a demissão dos respectivos cargos de líderes.
Clegg cai do pedestal
Nick Clegg foi o principal responsável pelo bom desempenho dos Liberais Democratas em 2010. Nesse ano, Clegg saltou para a opinião pública ao vencer os debates televisivos eleitorais. De tal maneira que os Liberais Democratas venceram 57 lugares no Parlamento e negociaram uma coligação favorável com os conservadores, com Nick Clegg a número dois do Governo.
Um cenário substancialmente diferente do que aconteceu nestas eleições. Penalizados por cinco anos de coligação com os conservadores, os Liberais Democratas perderam 49 lugares e 15,2 pontos percentuais do total do voto. Três quartos dos assentos no Parlamento foram para os seus parceiros de coligação. Contas feitas, os liberais ficaram com apenas oito lugares.
Frente ao pior resultado desde que o partido foi fundado, em 1988, Nick Clegg demitiu-se com lágrimas nos olhos e culpou as políticas de “medo e do rancor”. Clegg foi assertivo. Apontou o dedo aos conservadores, que diz terem optado por um caminho “conturbado”, ao criarem divisões no interior do país e na Europa, e acusou também o Partido Nacional Escocês de ter contribuído para que a Inglaterra rumasse ao “conservadorismo” através do “medo”.