O lince-ibérico viaja agora em cinco selos portugueses

Acabam de ser libertados na zona de Mértola mais dois animais desta espécie única da Península Ibérica.

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Um dos cinco selos da série: o lince-ibérico representado em cativeiro Fernando Correia
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O lince-ibérico no habitat natural a caçar a sua presa favorita Fernando Correia
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O lince-ibérico a descansar após a refeição Fernando Correia
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O lince-ibérico à procura de outro animal para se reproduzir Fernando Correia
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O lince-ibérico com as crias na natureza Fernando Correia

A partir de agora, o lince-ibérico (Lynx pardinus) pode viajar pelo mundo fora em cartas e postais, ou nas mãos de coleccionadores, comemorando o programa de reintrodução desta espécie em Portugal, através do trabalho desenvolvido desde 2009 no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, em Silves.

Em 1950, estimava-se existirem cerca de 5000 linces-ibéricos na natureza, enquanto hoje restam menos do que 350, refere Fernando Correia, que é docente do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro. O programa, conjunto com Espanha, de reintrodução em Portugal desta espécie única da Península Ibérica prevê a libertação de dez animais no vale do Guadiana: já se tinham soltado seis e, na terça-feira de manhã, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas libertou mais dois em Mértola — as fêmeas Lluvia e Lagunilla, segundo foi anunciado esta quarta-feira.

O Katmandú e a Jacarandá foram os primeiros a ser libertados, em Dezembro de 2014, também em Mértola, e encontram-se bem, tal como acontece com Kempo, Loro e Liberdade. Já a fêmea Kayakweru, libertada a 25 de Fevereiro deste ano, teve pouca sorte: apareceu morta a 12 de Março e a causa da morte, como se apurou entretanto, foi envenenamento.

Nos cinco selos, Fernando Correia ilustrou cinco momentos do ciclo de vida desta espécie, organizados como se fossem uma “tira de banda desenhada”, o que lhe ocupou quatro semanas de trabalho. Começou por representar dois animais em cativeiro — neste caso, o macho Gamma e a fêmea Azahar, do Jardim Zoológico de Lisboa, e que foram os principais “modelos” para o trabalho do ilustrador científico, que passou ali alguns dias a tirar-lhes fotografias para captar certos pormenores, bem como a fazer esboços e “apontamentos gráficos de alguns comportamentos, como a maneira como saltavam, como se esticavam ou arranhavam as árvores”. A todo este trabalho juntaram-se ainda pesquisas bibliográficas e na Internet e a consulta de imagens de fotógrafos profissionais.

Depois do cativeiro, onde se espera que nasçam crias para serem libertadas na natureza, o momento seguinte que Fernando Correia ilustrou foi o do lince-ibérico já no seu habitat natural e a caçar a sua presa favorita, o coelho. Como o lince-ibérico é solitário e paciente, descreve o biólogo, tanto pode perseguir os coelhos, como esperá-los durante horas atrás de um arbusto, até aparecer um que fique ao seu alcance.

O terceiro momento representado foi o do descanso após uma refeição (um macho precisa de comer um coelho por dia e uma fêmea, se estiver grávida, pode ir até três). Já no quarto momento representa-se uma fase importante da vida destes animais: a procura de companhia para se reproduzirem, passando pelo chamamento de outro reprodutor. E, por fim, surge a reprodução da espécie na natureza, um quadro “mais esperançoso”, onde a progenitora está rodeada de quatro crias, o máximo que nascem em estado selvagem.

“Os selos podem contribuir para divulgar uma situação em que há um perigo e tornar as pessoas mais conscientes dele”, sublinha Fernando Correia, referindo-se à ameaça de extinção do lince-ibérico.

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