PCP desafia PS sobre ritmo de devolução de salários e reformas

Jerónimo de Sousa questionou-se sobre se há capacidade de "libertar centenas de milhões de euros para entregar de mão beijada aos grandes interesses".

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Jerónimo de Sousa quer que PS se decida "se quer ser da situação ou ser da oposição" Carlos Lopes/arquivo

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, desafiou este domingo o PS a pronunciar-se sobre o pagamento de salários e reformas que foram cortados aos trabalhadores e pensionistas, por oposição à redução de impostos às empresas.

“Essa devia ser a prioridade: pagar a quem se deve e muito precisa, pagar a quem não vive da especulação, mas do seu trabalho presente e passado. Ao Partido Socialista, que afirma que é preciso conter os sonhos, venha a terreiro, diga se não é justa esta proposta de pagar a quem se deve, aos trabalhadores e reformados e não à EDP, às Galps, aos grandes grupos económicos e financeiros”, afirmou Jerónimo de Sousa durante um almoço comemorativo do 25 de Abril em Gondomar, no distrito do Porto.

O secretário-geral do PCP afirmou que a “volta prometida” da crise se trata na realidade de “sacrifícios e mais sacrifícios para os mesmos de sempre, benesses e mais benesses para os senhores do dinheiro”, recordando que o partido propõe a renegociação da dívida pública.

“A primeira e imediata pergunta que se impõe fazer é que, se acham que há condições para libertar centenas de milhões de euros para entregar de mão beijada aos grandes interesses, então porque é que em primeiro lugar não pagam o que devem aos trabalhadores, aos reformados, [a quem] cortaram os salários e as reformas?”, questionou, lembrando o aumento da dívida e os montantes dos juros pagos.

Jerónimo de Sousa repetiu uma frase de hoje do secretário-geral do PS, António Costa, que afirmou que é preciso “ter a ambição de realizar os sonhos, mas também o realismo de conter os sonhos na medida das possibilidades”.

“A frase é bonita, mas não diz nada, porque o problema que se coloca é saber se se travam os sonhos dos portugueses, os seus anseios, a sua ambição de justiça ou se o PS está a esconder com esta frase - bonita, mas que não diz nada - que afinal não quer mexer em coisa nenhuma”, disse Jerónimo de Sousa.

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