Alfred Hitchcock: entre Londres e a Igreja

O escritor britânico Peter Ackroyd explora em Alfred Hitchcock a “londrinidade” inata do cineasta britânico.

Foto
A biografia Alfred Hitchcock explora a influência que a capital inglesa teve no cineasta e na sua obra BRITISH FILM INSTITUTE

É possível escrever uma biografia de Alfred Hitchcock sem ser grande apreciador do seu cinema?

O escritor britânico Peter Ackroyd acaba de o fazer: em entrevista dada ao jornal britânico The Independent por ocasião do lançamento de Alfred Hitchcock, Ackroyd confessa que foi “um suplício” ver as 52 longas-metragens dirigidas pelo autor de Psico e Vertigo - “mas não foi pior do que ler todas as peças de Shakespeare, embora tenha sido bastante mais fácil do que ler todos os romances de Dickens”.

Biógrafo (de Dickens ou T. S. Eliot), romancista, historiador, antigo editor da revista Spectator, Ackroyd, 65 anos, explora em Alfred Hitchcock a “londrinidade” inata do cineasta britânico (tema que tem sido recorrente na sua própria obra) – ou seja, a influência que a capital inglesa teve no cineasta e na sua obra, quer em termos pragmáticos quer em termos psicológicos – e compara-a à presença constante de Londres nas obras de Dickens e Chaplin.

Paralelamente, Ackroyd explora também a influência da educação católica de Hitchcock na questão da culpa como tema central e recorrente no cinema do realizador – pormenor ao qual muitas das biografias anteriormente publicadas não deram importância central. Para o escritor, Hitchcock era “um artista inconsciente”, alguém cujas grandes ideias surgiram “completamente formadas”, espontaneamente, “com uma compreensão intrínseca do meio cinematográfico”. Ironicamente, Ackroyd acha que o seu filme mais artístico e menos espontâneo é precisamente aquele que muitos consideram a sua obra-prima, Vertigo. As críticas à sua biografia de Hitchcock, publicada pela editora Chatto & Windus, têm sido maioritariamente positivas.

Sugerir correcção
Comentar