Jornalista do CM apresenta queixa contra advogado de Sócrates
João Araújo sugeriu à jornalista que "tomasse mais banho" porque "cheira mal". Os impropérios não se limitaram à jornalista, Araújo acabou por visar todos os repórteres que se encontravam no local: “Vamos com este cortejo atrás, com esta canzoada?”.
Em causa está a forma como João Araújo se dirigiu à jornalista no final da apreciação do pedido de habeas corpus pelo Supremo Tribunal de Justiça em que lhe sugeriu que "tomasse mais banho" porque "cheira mal".
Na saída do Supremo, João Araújo continuou no mesmo registo: “Esta gajada mete-me nojo”, disse o advogado segundos antes de um jornalista tropeçar e cair ao seu lado. Os impropérios não se limitaram à jornalista, Araújo acabou por visar todos os repórteres que se encontravam no local. “Vamos com este cortejo atrás, com esta canzoada?”, interrogou-se ainda perante o colega advogado Pedro Delille.
A jornalista apresentará uma queixa em nome próprio, patrocinada pelo jornal Correio da Manhã, ao Ministério Público e outra à Ordem dos Advogados.
Em declarações à Correio da Manhã TV, o director do CM, Octávio Ribeiro, disse que o "jornal está disposto a processar" João Araújo. A agência Lusa contactou o Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, mas, até cerca das 15h, ainda não tinha dado entrada qualquer queixa contra o advogado do ex-primeiro-ministro.
O PÚBLICO tentou também sucesso contactar a bastonária da OA, Elina Fraga e o presidente do Conselho Distrital de Lisboa da AO, António Jaime Martins, no sentido de perceber se a Ordem decidiu eventualmente e por iniciativa própria abrir um inquérito interno a João Araújo. A frase do advogado foi repudiada já na noite desta segunda-feira pelo sindicato e pelo Conselho Deontológico dos Jornalistas, que falam num "insultuoso ataque" que esperam que "não se volte a repetir".
O Estatuto da Ordem dos Advogados estabelece que “no exercício da profissão, o advogado deve proceder com urbanidade, nomeadamente para com os colegas, magistrados, árbitros, peritos, testemunhas e demais intervenientes nos processos, e ainda funcionários judiciais, notariais, das conservatórias, outras repartições ou entidades públicas ou privadas”.
As declarações de João Araújo ocorreram junto ao edifício do STJ, onde esta segunda-feira foi analisado e rejeitado o pedido de libertação imediata (habeas corpus) de José Sócrates apresentado pela defesa do ex-primeiro-ministro, num caso que teve como relator o juiz conselheiro Santos Cabral. com Lusa