Coimbra: alerta para cheias só chegou duas horas depois

Câmara Municipal de Coimbra exige inquérito para se perceber o que aconteceu e identitifcar os responsáveis por incidente que viola "normas elementares da protecção civil".

O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, considerou neste sábado ser “inaceitável” que o sinal de alerta de cheias só tenha sido lançado “duas horas depois” do rebentamento de uma conduta entre duas barragens na Pampilhosa da Serra, que cortou duas estradas municipais e inundou 12 casas da aldeia de Cabouco, perto de Coimbra.

O rebentamento da conduta terá ocorrido por volta das 06h00 de sábado, sendo que a primeira “comunicação foi de um cidadão, às 08h07”, explicou Manuel Machado, em conferência de imprensa. Para o autarca socialista, “o que aconteceu não pode acontecer”.

“Existe um sistema de alerta municipal, distrital e nacional e tem que funcionar em tempo útil. Felizmente houve uma evacuação atempada das pessoas”, mas a situação “evidencia uma falha que pode ser grave”. Manuel Machado exigiu a “identificação dos responsáveis” por este incidente que, segundo ele, pôs “em causa normas elementares da protecção civil”.

O autarca anunciou que a câmara vai requerer um inquérito por parte da Autoridade Nacional da Protecção Civil e que pretende que este explique qual a “falha que terá levado” à ruptura da conduta de transvase entre as barragens do Alto Ceira e de Santa Luzia, na Pampilhosa da Serra. Este incidente provou uma cheia inesperada do rio Ceira, inundações em 12 casas e obrigou ao corte do trânsito na rua que atravessa o Cabouco e na ponte antiga desta localidade.  

Manuel Machado considerou que o incidente veio mostrar que o plano de segurança de barragens “tem de ser revisto” e “reexaminado”. “Têm de ser localizados os pontos frágeis deste sistema para isto não voltar a acontecer”, salientou, referindo que o controlo online das barragens “não chega”.

O autarca de Coimbra referiu que ainda não é possível apurar o valor dos prejuízos da inundação.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara Municipal da Pampilhosa da Serra, José Brito, explicou que o rebentamento da conduta de água libertou uma torrente de água que veio danificar uma estrada do concelho que passa logo abaixo, na mesma encosta. O autarca indicou que "não houve qualquer problema" com a nova barragem do Alto Ceira, propriedade da EDP, que há dois anos substituiu outra existente no local, tendo o acidente afectado a infra-estrutura antiga que faz o transvase entre esta barragem e a de Santa Luzia, no rio Unhais. A água é canalizada através de um túnel com quase sete quilómetros de comprimento, o qual rebentou "num ponto em que passa à superfície", disse.

 Ao princípio da tarde, a situação já estava controlada, acrescentou, mas no local continuavam técnicos da EDP, bombeiros e responsáveis da Protecção Civil.

Segundo o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Coimbra disse à Lusa, por essa altura o caudal do rio Ceira já estava há algumas horas “com tendência para baixar”.

Sugerir correcção
Comentar