A palavra é de honra

Seguro nasceu longe do conforto da burguesia urbana, mas foi conseguindo todos os seus objectivos, a pulso.

Sou amigo de António José Seguro há quase 30 anos. É fácil ser amigo de alguém com a sua fibra ética: é leal, decente e amigo dos seus amigos. A palavra de António José Seguro e os acordos com ele são duradouros e mantêm-se por décadas. Sempre o conheci na política, com ideias, movido por ideais e determinado a ajudar as pessoas. Não cresceu numa corte cosmopolita. Nessa corte, aliás, nunca vingou e ainda bem. Por essa corte foi, por exemplo, afastado para a sexta fila da Assembleia da República.

Os seus valores simples e nobres nasceram no interior de Portugal e tornaram-no um beirão resiliente, esforçado, trabalhador e empenhado. Nasceu longe do conforto da burguesia urbana, mas foi conseguindo todos os seus objectivos, a pulso, guiado por princípios e pela capacidade ímpar de agregar pessoas das mais distintas proveniências, pelo país inteiro. Um líder estudioso e humilde que foi aforrando uma enorme experiência como deputado da República, deputado europeu e ministro de Portugal.

Conheço o António José Seguro desde os meus tempos de estudante de Medicina na Invicta. A nossa amizade solidificou-se no Porto quando, com outros nossos amigos e camaradas, de que destaco o Ascenso Simões e o Francisco Assis, eu estava envolvido na equipa que trabalhou afincadamente para o eleger líder da JS. Já nessa altura o empenho e força interior de Seguro atraíam muita gente dentro e fora da política. Seguro sempre fez questão de se rodear de equipas diversas, competentes e qualificadas: um misto de políticos determinados e de gente socialista, mas independente da política. Mais tarde fomos amadurecendo e, inevitavelmente, fomos puxados pela força centrípeta de Lisboa, infelizmente e demasiadas vezes a sede exclusiva do topo de carreiras, profissionais e políticas.

Perante os desafios e resistência da corte lisboeta, o António José Seguro nunca deixou de acreditar que era possível melhorar Portugal. No Café Martinho da Arcada, o nosso leal grupo de amigos promoveu tertúlias coordenadas pelo saudoso Mário Garcia. Aí, recebemos a sabedoria de intelectuais, gestores, académicos e fomos construindo ideias para liderar, reformando o país e a política. Ideias tão importantes como as primárias e a reforma da lei eleitoral, que foram sonhadas nesses anos e que agora Seguro implementou e propôs. Quando foi eleito secretário-geral do PS, Seguro continuou essa tradição de tertúlias "atenienses" em maior escala, envolvendo milhares de socialistas e peritos independentes nos estudos do “Novo Rumo” e Laboratório de Ideias e Propostas para Portugal (LIPP).

Termino com um exemplo do carácter do meu amigo, que vivi há cerca de oito anos, quando fiquei gravemente doente. O António José Seguro ia a guiar quando foi informado por um amigo comum. Teve que parar o carro e já não conseguiu guiar mais. Quando me encontrou, como numa trincheira de guerra em que a amizade chega a valer mais que a própria vida, fizemos um pacto que continua em vigor. Dali a dez anos, se eu sobrevivesse, jantaríamos em São Bento. Sobreviver era a minha parte do acordo que até hoje cumpri. Chegar a São Bento é a parte dele. Portugal precisa agora mais do que nunca de um líder sério e íntegro, mas também sensível e humano. António José Seguro, o futuro primeiro-ministro de Portugal, honra o país e a história do PS como poucos, cumprindo sempre os seus acordos com os amigos, com os socialistas e com os portugueses.

Acredito que o nosso jantar acontecerá em 2015, no local e data que combinámos há oito anos.

Secretário nacional do PS e apoiante de António José Seguro

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