TSF renova grelha e sons a 22 de Setembro e homenageia Rangel
Rádio do grupo Controlinveste lança Prémio Emídio Rangel para distinguir trabalhos jornalísticos de rádios locais, universidades e mundo lusófono. Controlinveste diz não fará mais despedimentos "em massa".
Mas tudo que se que passa continuará a passar na TSF, promete o director Paulo Baldaia, acrescentando que a rádio manterá a estratégia de ir até ao fim da rua e do mundo por mais e melhor informação, opinião, humor e música. O lema “a minha TSF” vem juntar-se às frases-chave da rádio nos suportes escritos.
Esta renovação da rádio da Controlinveste faz parte da reestruturação que a equipa liderada pelo advogado Daniel Proença de Carvalho está a aplicar em todas as empresas do grupo – que detém também, por exemplo, o DN, o JN e O Jogo - depois da entrada de novos accionistas, com destaque para o empresário angolano António Mosquito, no final do ano passado. O plano passa pela redução de custos e pela mudança de direcções editoriais e estratégias específicas para cada um dos títulos da Controlinveste.
As assinaturas da estação essencialmente noticiosa que foram construídas nos últimos 26 anos vão manter-se nesta nova “roupagem sonora mais moderna e acelerada”, descreveu Baldaia no final da apresentação sui generis da renovação da TSF, feita esta terça-feira em directo aos microfones, para os ouvintes.
Uma estratégia que tem como objectivo “reforçar a ideia de compromisso com o auditório”, descreveu o administrador José Carlos Lourenço, acrescentando que não são só os repórteres que têm que vir mais para a rua – é toda a rádio.
Entre as novidades da grelha que manterá a aposta na informação, desporto, política, lazer e humor, estão os programas Canções Crónicas, do escritor Jacinto Lucas Pires que cantará as suas crónicas; TSF à Mesa, de António Catarino sobre restaurantes e tascas (e respectivos donos e clientes) por todo o país; Números Redondos, de João Nuno Coelho acerca de estatísticas desportivas; revistas de imprensa com análise (Fernando Alves e Joaquim Ferreira); Notícias de Bolso ou Coisas do Arco da Velha, com histórias curiosas que não fazem notícia por Nuno Miguel Martins.
Haverá também ajustamentos nos horários de outros programas e mais música em antena, de preferência ao vivo no estúdio, prometeu o director. “A TSF tem no seu ADN os noticiários de 30 em 30 minutos. Queremos que os ouvintes saibam que a oferta de programas é tão alargada que é impossível não encontrarem um de que gostem”, diz Baldaia.
Em directo ou no site da estação, já que todos os programas com excepção das músicas - sobre as quais é preciso pagar direitos de autor – passarão a estar disponíveis em podcast. O rei do podcast é o Tubo de Ensaio (Bruno Nogueira), seguido pelo Governo Sombra (Carlos Vaz Marques com João Miguel Tavares, Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira) e Sinais (Fernando Alves).
Prémio em homenagem a Rangel
Paulo Baldaia anunciou também a criação do Prémio Emídio Rangel, homenageando o fundador da estação que faleceu no mês passado, e que irá distinguir trabalhos jornalísticos radiofónicos feitos em rádios locais, universidades e nos países lusófonos. Será entregue a 29 de Fevereiro, a data da criação da TSF.
De acordo com o último estudo de mercado Bareme Rádio, da Marktest, relativo a Junho deste ano, a TSF estava em sexto lugar (3,9%) na audiência acumulada de véspera, o indicador usado nas audiências radiofónicas, e em oitavo lugar (3,8%) no share de audiência.
“A TSF vive há 26 anos na tranquilidade do campeonato de não estar na liderança das audiências”, diz Baldaia, admitindo porém que o objectivo “é sempre ganhar ouvintes”, mas sem especificar objectivos de audiência. Mas nota que esta está a “rejuvenescer”. Mais do que a faixa 35/45 anos, é agora a dos 25/35 anos que está a crescer muito. Para isso contribuem os programas de humor e os de meio termo, como o Governo Sombra que, por ter comentadores mais novos, sem ligações à política, “tem trazido mais jovens para o debate político”.
Grupo não fará mais despedimentos em massa
O despedimento colectivo de 140 trabalhadores do grupo, a que se somaram 40 rescisões amigáveis, também fez mossa na TSF que, da centena de pessoas nos quadros, perdeu dez por cento. “Não se fazem reestruturações porque temos gente a mais, mas porque temos dinheiro a menos e só é livre quem tem receitas que cobrem as despesas”, justifica Paulo Baldaia.
Victor Ribeiro, presidente da Comissão Executiva da Controlinveste Conteúdos, disse aos jornalistas que o processo de saída dos trabalhadores ainda está a decorrer e que “não está no horizonte” do grupo fazer mais cortes no pessoal, embora admita fazer “pequenas afinações” decorrentes de propostas de saída de algumas pessoas. “[Mais despedimentos] Em massa já não, assim estaríamos a danificar os nossos produtos”, acrescentou.
Nos últimos meses, a Controlinveste conseguiu fazer poupanças de cerca de cinco milhões de euros e tenciona vender património imobiliário para abater a dívida. As sedes do DN (Lisboa) e do JN (Porto) deverão valer perto de 40 milhões de euros.
Ainda que na estratégia da administração esteja também previsto o crescimento para mercados lusófonos no Brasil e em Angola e Moçambique, Victor Ribeiro diz que ainda é cedo para dar o salto para outras latitudes, sendo preciso primeiro arrumar a casa. Também por isso se escusa a falar em novos investimentos na área digital e em televisão, admitindo que há “vários cenários em estudo” pelos accionistas.
Em “casa”, além da renovação da TSF, foi já feita a do desportivo O Jogo, e está a ser planeada a do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias. O primeiro tem agora novo director – André Macedo transitou do Dinheiro Vivo para o lugar de João Marcelino que liderava o DN desde 2007 – e o segundo deverá ter nova direcção dentro de duas a três semanas, prometeu Victor Ribeiro.